MANIFESTAÇÕES POPULARES DE RUA: Assustaram os donos do poder, e isso foi ótimo
Com
sua reconhecida capacidade intelectual de análise e crítica da
conjuntura política, o Procurador do Trabalho, Dr. Sandro Sardá, nos
contempla a todos nós que acreditamos no sonho da construção de um
partido dos trabalhadores capaz de promover as reformas políticas e
sociais em prol de todos os cidadãos, como aliás, ficou expresso na
Carta Cidadã de 1.988 em que se deu prevalência ao social e o
compromisso do capital por ser parceiro do estado para que se possa
cumprir seu principal objetivo que é o da promoção social de todos, sem
discriminação e ou exclusão. Com esse ideário sinalizado, saímos a
campo, buscando estruturar no país o partido dos trabalhadores (PT),
visitando trabalhadores em todos os cantos do território nacional, para
filiação e participando como candidato ao parlamento, diante da
exigência que se impôs no país da exigência de que o partido tivesse
estruturação regularizada e candidatos em todos os níveis, municipal,
estadual e federal.
Em nosso entender corretíssimas as análises do Procurador Dr. Sandro Sardá:P
“
As manifestações populares de rua expressam essa insatisfação popular
com as práticas de gestão governamental que não ousaram vencer as
resistências e que impedem os avanços sociais exigidos por imensos
setores da cidadania brasileira, tal como conclui o festejado
Procurador: o governo não implementou de forma adequada políticas de
saúde, de educação, de reforma agrária (aliás neste ponto o governo
Dilma é uma tragédia, pior do que o FHC), de proteção ambiental, de
redução de jornada, avanços na previdência social, dentre outros. A
tragédia é tamanha que agora estamos a combater um projeto de
terceirização ridículo e precarizante em um suposto governo dos
trabalhadores. Acho que o Francisco de Oliveira foi até light em sua
análise.O pior de tudo é que estamos em opção. Temos a gerentona (Dilma
venda casada PT-PMDB), a direita (Aécio) ou a direita disfarçada (Marina
e Campos).
Luiz
Salvador, Fundador Nacional do PT e atual Vice-Presidente da ALAL –
Associação Latino-Americana de Advogados Laboralistass (www.alal.com.br)
MANIFESTAÇÕES POPULARES DE RUA: Assustaram os donos do poder, e isso foi ótimo
De:
Sandro Sarda <sandrosarda@hotmail.com>
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Data: Dom 10/11/13 23:02
Estimados,
Excelente entrevista.
Fazia tempo que não lia uma análise tão lúcida.
Finalmente alguém da esquerda que não perdeu o poder de crítica.
Ao
que tudo indica boa parte da esquerda que, inclusive acreditou no PT
como projeto de transformação social, receia em adotar um discurso mais
duro com temor em alimentar o avanço da direita brasileira marcada por
sua visão elitista e escravagista.
Me parece uma posição até natural, mas que deve ser repensada.
Acho que a crítica é necessária. Pena que são tão poucas vozes na esquerda.
Aliás,
demorou 10 anos para alguém de peso dar visibilidade ao estelionato
eleitoral que vem se configurando o governo do PT, inclusive nos Estados
como é o caso do Governo do Tarso no RS que tem um dos mais baixos
pisos salariais da educação em todo o Brasil.
É absolutamente preocupante o silêncio da esquerda em criticar o PT e seu governo.
A
par da retirada de 40 milhões da pobreza e da miséria, o governo não
implementou de forma adequada políticas de saúde, de educação, de
reforma agrária (aliás neste ponto o governo Dilma é uma tragédia, pior
do que o FHC), de proteção ambiental, de redução de jornada, avanços na
previdência social, dentre outros.
A
tragédia é tamanha que agora estamos a combater um projeto de
terceirização ridículo e precarizante em um suposto governo dos
trabalhadores.
Acho que o Francisco de Oliveira foi até light em sua análise.
O
pior de tudo é que estamos em opção. Temos a gerentona (Dilma venda
casada PT-PMDB), a direita (Aécio) ou a direita disfarçada (Marina e
Campos).
Penso,
sinceramente, que o processo de renovação da esperança e da dimensão
utópica vai exigir, antes de qualquer coisa, uma crítica séria e
profunda em relação ao PT, ao governo do PT e aos movimentos sindicais
brasileiros.
Forte abraço a todos
Sandro
CC: jutra@googlegroups.com
From: magdabia@terra.com.br
Subject: Re: [jutra.org:12759] Re: MANIFESTAÇÕES POPULARES DE RUA: Assustaram os donos do poder, e isso foi ótimo
Date: Sun, 10 Nov 2013 21:55:33 -0200
To: jutra@googlegroups.com
Não estamos discutindo a ideia mas a capacidade de termos esperança!!!!
Enviado via iPhone
Em 10/11/2013, às 20:54, Ellen Mara Ferraz Hazan <hazan.ellen@gmail.com> escreveu:
Meus queridos amigos. O Chico e o Luiz Carlos Moro estão com a razão necessária
Para
nos fazer pensar e agir. pensem, discutam e não tirem a razão de
qualquer pessoa em face da idade. Lembrem que a idade nos da sabedoria.
Enviado via iPad
Em 10/11/2013, às 16:52, Luís Carlos Moro (pessoal) <lcmoro@uol.com.br> escreveu:
Amigos:
Encantado com a vida, não abandono a perspectiva de que a luta que a caracteriza.
A luta por direitos, a luta pelo direito (não pela direita).
Manifestações de ruas, negociações de salões, pão, pães, tudo compõe o estado da nossa organização social.
O importante é a compreensão do momento para apreensão do correto intento e organização desse movimento.
Cada avanço é uma vitória. Cada passo, um avanço. Cada desejo um passo.
Quero ir do desejo à vitória, com a determinação de quem a razão assiste.
Agradeço as análises, mas prefiro as ações.
Por isso é imprescindível que tenhamos um foco. O de hoje parece ser o não à terceirização que se pretende no Brasil.
Vamos dizer não ao PL 4330/2004!
Abraços a todos,
Luís Carlos Moro.
De: Marcelo Chalreo - Sala 701 chalreo@nextcon.com < chalreo@nextcon.com >
Enviada: Domingo, 10 de Novembro de 2013 17:06
Para: jutra@googlegroups.com
Assunto: Re: [jutra.org:12754] Re: MANIFESTAÇÕES POPULARES DE RUA: Assustaram os donos do poder, e isso foi ótimo
Magda
e demais, tiros giratórios ou não, o fato é que linhas gerais com
acerto o Chico Oliveira. Gostaria que assim não o fosse, mas o é.
Em 10/11/2013 16:37, "Magda" <magdabia@terra.com.br> escreveu:
Grande
Lídia. Os comentários que estamos fazendo dizem respeito a um artigo do
Chico de Oliveira, na Folha de hoje, que não deixa sobrar para
ninguém!!!
Enviado via iPhone
Em 10/11/2013, às 14:22, Lidia Guevara <lguevara46@gmail.com> escreveu:
Compañeros
todos, disculpen que entre en este tema tan desagradable, pero querida
Magda, si quieren llevarnos a la idea de que no hay solución o que lo
mejor es salir a las calles y armar una revolución social, esa no es la
vía ahora. Digan lo que digan, los que lejos están y quieren que
resolvamos los problemas en América Latina al estilo europeo, hay que
decirles sencillamente, que América Latina ahora tiene mejores
condiciones para el cambio que ellos, que dejen aunque sea tranquilos a
nuestros dirigentes, que no he visto esa misma posición de crítica "con
ráfagas de ametralladoras" para los que están acabando con este mundo y
lo inundan de miseria y dolor.
Incluso,
se había tomado la decisión de traer médicos como solución cierta y no
temporal a la situación de salud del país y qué pasó con el Colegio
Médico: No, no queremos médicos cubanos como si fuesen descalificados y
desconocedores de su profesión. Queremos que la población siga
necesitando el servicio médico privado y no público.
Siempre
he dicho algo que me enseñaron mis padres y abuelos: El sol tiene
manchas, pero alumbra y da calor, nos ayuda a vivir, entonces ayudemos
al sol a que las manchas vayan desapareciendo, pero poco a poco, no se
puede cambiar en un día. Ni tampoco queremos esperar tanto que no haya
solución alguna.
Si
hay que salir a las calles, Bienvenida sea la lucha callejera. Pero si
hay espacio a la negociación, ayudemos a la Presidenta, que no lo ha
hecho tan mal en su mandato.
2013/11/10 Magda <magdabia@terra.com.br>
Correto.
Estou tranquila. Mas me entristece o jogar de toalha do compadre do
meu companheiro. Aliás, o Ornitorrinco foi gestado na banca de doutorado
do Caico da qual o amado Chico fazia parte. Mas enfim entre, por um
lado, construir a cabana para enfrentar o planeta Melancolia que ameaça
destruir a terra ou, por outro, fazer coro aos que a querem ver
destruída, metaforicamente, a lá Lars Von Trier, fico com a ação da bela
noiva agora liberada do casamento que a aprisionaria. Enfim, "pão ou
pães , questão de opiniaes" dizia o grande intérprete do Brasil.
Grandes
abraços, críticos porém nãos devastadores a ponto de se conestar com a
invasão do Melancolia! Não quero voltar para casa abatida desencantada
da vida!!!!
Enviado via iPhone
Em 10/11/2013, às 11:40, JOSÉ DE ALENCAR <josealencar64@gmail.com> escreveu:
Caríssima Magda.
Fique tranquila.
O Chico está na idade em que ele pode ser essa metralhadora giratória sem riscos.
Para ele, pelo menos, cuja reputação está acima do que agora diz.
Nessa idade, com todo o respeito, ele adquire também a inimputabilidade intelectual.
Não sei se diria isso nos tempos de CEBRAP.
E, sinceramente, não enxergo esse susto dado aos donos do poder. Que se houve não durou uma semana. Um mês, no máximo.
Abraços fraternos.
José de Alencar
Em 10 de novembro de 2013 10:49, Magda <magdabia@terra.com.br> escreveu:
Eu amo o Chico, mas o artigo dele e uma metralhadora no coração da fantasia e na alma de qualquer esperança. Não gostei.
Enviado via iPhone
Em 10/11/2013, às 09:59, Luciana Cury Calia <direitosociais@bol.com.br> escreveu:
Muito esclarecedor e lúcido o artigo do Chico de Oliveira.
A
paciência da população só é mais elástica porque muitos sequer entendem
o que ocorre, que poderíamos ter um pais com segurança, saúde,
educação, transporte, rodovias, e tudo mais, pela imensa carga
tributária que temos.
Chamar a Constituição de "jovem" já passou do limite da tolerância.
E,
para alguns sequer podemos falar dos políticos como um coletivo de
"culpados" por isso. Se elesda não são os responsáveis, a quem atribuir a
falta de avanços? Há bons políticos?! Então apresentem sua indignação e
mais que isso, suas propostas.
Depois de 25 anos temos um tratado com pouquíssima eficácia. Nada a comemorar !
Caminhamos para a Desobediência Civil e com fortes motivos.
Indico para reflexão as obras: Desobediência Civil - Henry Thoreau e as Crises da República - Hannah Arendt.
Não há vândalos. Há FÚRIA. (Hannah Arendt). E com razão.
Luciana
De: Luiz Salvador < luizsalv@terra.com.br >
Enviada: Sábado, 9 de Novembro de 2013 13:45
Para: evdefesadasaude@solar.com.br
Assunto: [jutra.org:12742] MANIFESTAÇÕES POPULARES DE RUA: Assustaram os donos do poder, e isso foi ótimo
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Assustaram os donos do poder, e isso foi ótimo
Foto: Francisco de Oliveira
AO
COMPLETAR 80 ANOS, SOCIÓLOGO FAZ BALANÇO POSITIVO DA ONDA DE PROTESTOS
NO PAÍS E CRITICA O 'VIOLENTO' MODELO BRASILEIRO DE CRESCIMENTO
RICARDO MENDONÇA DE SÃO PAULO
Socialista
inveterado, acadêmico prestigiado, parceiro rompido de Fernando
Henrique Cardoso e Lula, o sociólogo Francisco de Oliveira completou 80
anos na última quinta sem qualquer sinal de afrouxamento da energia
crítica.
Em
entrevista em seu apartamento, em São Paulo, falou com entusiasmo dos
protestos de rua ("a sociedade mostrou que é capaz ainda de se
revoltar") e criticou as principais figuras da cena política.
A
presidente Dilma Rousseff é uma "personagem trágica" que deu uma
"resposta idiota" às manifestações de junho. Lula "está fazendo um
trabalho sujo". Marina Silva é uma "freira trotskista". O Bolsa Família,
"uma declaração de fracasso". E por aí vai.
Oliveira
não teme expor suas posições ousadas. Uma delas é separar o Brasil para
resolver a questão indígena: "Há um Estado indígena. Ninguém tem
coragem de dizer".
-
Folha - Oitenta anos. Que tal?
Chico
de Oliveira - Oscar Niemeyer disse que a velhice é uma merda. Não sou
tão radical. Mas não tem essas bondades que se diz. A história de que se
ganha em sabedoria é uma farsa. Não é bom envelhecer. As pessoas sábias
deveriam morrer cedo [risos].
Antigamente era assim. Longevidade é uma novidade, né?
É
recente mesmo. Não é façanha sua. É a economia que te leva até os 80.
As condições de vida mudam, você não precisa de trabalho pesado. Quem
condiciona tudo é o trabalho. E gente da minha classe social está apta a
aproveitar essas benesses do desenvolvimento capitalista. Mas não é
agradável. E não há solução. Você vai se matar para poder não cumprir os
desígnios de sua classe social?
O senhor se surpreende aos 80. Em junho, falou do ineditismo dos protestos. Qual é o saldo?
Deu
uma coisa ótima: a sociedade mostrou que é capaz ainda de se revoltar,
ir para a rua. Não precisa resultado palpável. Assustaram os donos do
poder, e isso foi ótimo. Eu falava inédito porque a sociedade brasileira
é muito pacata. A violência é só pessoal, privada, o que é um horror.
Quando vai para a violência pública, as coisas melhoram. Isso que
interessa: um estado de ânimo da população que assuste os donos do
poder.
Assustou mesmo?
Assustou.
Foi mesmo inédito. Isso é bom para a sociedade. Não é bom para os donos
do poder. Mas são eles que a gente deve assustar. Se puder, mais que
assustar, derrubá-los do poder. Não acho que as manifestações tenham
esse caráter. Mas regozijo-me porque foi manifestado o não conformismo.
Aí a presidente Dilma lançou a ideia de Constituinte para a reforma política. O que achou?
Eu
achei idiota. Não gostaria de fazer uma avaliação precipitada do
governo Dilma para não dar força à direita, que está em cima dela. Mas é
uma resposta idiota. Ninguém resolve problema assim na Constituição.
O que teria sido adequado?
Reconhecer
que o país está atravessando uma zona de extrema turbulência devido ao
crescimento econÃ?mico. É o crescimento que cria a turbulência, não o
contrário. Todos pensam que crescimento apazigua. Não é verdade. Ele
exalta forças que não existiam. O capitalismo é um sistema
violentíssimo. Os EUA, o paradigma, são uma sociedade extremamente
violenta. O Brasil vive adormecido. De repente, o tipo de crescimento
violento e tenso em pouco tempo quebra as amarras, e a violência vai
para rua.
Mas Dilma é criticada pelo baixo crescimento.
Não
é verdade. O país cresce de forma violentíssima nos últimos 20 anos. E é
um crescimento diferenciado. Não dá mais para ser no campo. Agora é na
cidade, com relações público-privadas diferentes. Se o Estado não tem
políticas para tal, é melhor ficar calado do que dizer besteira.
E o que achou do papel dos governadores?
Esse
[Geraldo] Alckmin é uma coisa... É bem o representante dessa política.
Um ser anódino. Já o chamaram picolé de chuchu. Ele de fato não desperta
paixões nem ódio. Em geral é assim. Não tem nenhum governador que
inspire empolgação. Tudo conformado. E a imprensa tem um papel
horroroso: o que for conformismo, exalta; o que for rebeldia, condena.
Que avaliação o senhor faz do movimento "black bloc"?
Boa
avaliação. Se eles se constituem como novos sujeitos da ação social, é
para saudar. Vamos ver se, com eles, a gente chacoalha essa sociedade
conformista. Parece que tudo no Brasil vai bem. Não é verdade. Vai tudo
mal. O Estado não age no sentido de antecipar-se à sociedade que está
mudando rapidamente. E aí vem o Lula fazendo um trabalho sujo, aquietar
aquilo que é revolta.
Trabalho sujo?
Ah,
tá. A questão operária tem a capacidade de transformar o Brasil e ele
está acomodando, matando a rebeldia que é intrínseca ao movimento.
Rebeldia não quer dizer violência, sair para quebrar. É um comportamento
crítico.
Onde o senhor vê isso no Lula?
Em
tudo. Lula é um conservador, nunca quis ser personagem do movimento
[operário]. Na Presidência, atuou como conservador. PÃ?s Dilma como uma
expressão conservadora. Você não vende uma personalidade pública como
gerente. Gerente é o antípoda da rebeldia. Ele a vendeu como a gerentona
que sabe administrar. É péssimo. O Brasil precisa de políticos com
capacidade de expressar essa transformação e dar um passo a frente. Não
se pode nem ter uma avaliação mais séria dela, pois ele não deixa ela
governar. Atrapalha, se mete, inventa que é o interlocutor. Ela não pode
nem reclamar. É uma cria dele, né?
O
sociólogo Boaventura Santos disse que Dilma tem insensibilidade social.
Citou problemas com movimentos sociais, indígenas, camponeses, meio
ambiente. Concorda?
Não diria com
essa ênfase. É um equívoco analisar o capitalista brasileiro nos moldes
europeus. Aqui nunca teve campesinato, pois teve uma propriedade
extremamente concentrada do escravismo. Isso se projetou depois numa
economia capitalista. O que tem é uma questão urbana grave, que é
preciso resolver.
Mas problema indígena tem.
É
um problema. Porque a sociedade só sabe tratar indígena absorvendo e
descaracterizando. Para tratar dessa questão é preciso, na verdade, de
uma revolução de alto nível. Qual é? É reconhecer que há um Estado
indígena.
Estado indígena?
É.
A real solução. Há um Estado indígena. O Estado capitalista no Brasil
não sabe tratar essa questão. Só sabe tratar indígena atropelando,
matando, trazendo para a chamada civilização. A real solução é de uma
gravidade que a gente nem pode propor. Um Estado indígena. Separa.
Ninguém tem coragem de dizer isso. Então todo mundo quer integrar. Para
integrar, você machuca, mata, dissolve as formações indígenas.
E meio ambiente,sensibiliza?
Não
acredito que seja uma forma de fazer política. A Marina Silva está aí.
Ela não tem nada a dizer sobre o capitalismo? Será? Será que a política
ambiental é ruim? Ou é o capitalismo que é ruim? Ela não diz. Então,
para mim a Marina é uma freira trotskista [risos]. Cheia de revolução
sem botar o pé no chão. Ela juntou com o Eduardo Campos, uma jogada
política importante. Mas eles não têm proposta nenhuma. A Marina fica
com esse ambientalismo démodé. Criticar a política de meio ambiente é
fácil. Quero ver criticar o sistema capitalista nas formas em que ele
está se reproduzindo no Brasil. Aí si m é botar o dedo na ferida.
O senhor disse que a política da Dilma é conservadora. Diria que ela é de direita?
Não
diria. Ela é um personagem difícil, coitada. Uma personagem trágica.
Porque ela não pode fazer o que ela se proporia a fazer. Ela tem uma
história revolucionária. Mas não pode fazer isso porque está lá porque
Lula a colocou. E Lula é o contrário, um antirrevolucionário. Ele não
quer soluções de transformação, quer apaziguamento. Talvez, se as opções
estivessem em suas mãos, Dilma faria uma política mais de esquerda. Mas
ela não foi eleita para isso. Nem tem força social capaz de impor essa
mudança.
O senhor vê alguma virtude?
O
pouco de virtude é, talvez, dar um pouco mais de atenção à área social.
Que eu não gosto, porque é um conformar-se em não resolver. O Bolsa
Família é uma declaração de fracasso. Para não morrer de fome, dá uma
comidinha. Sou socialista há 50 anos. Para mim, a gente tem de mudar. E
não necessariamente por revolução violenta, que está fora de moda. Bolsa
Família é política conservadora. Atende uma dimensão da miséria, mas
sem promessa de transformação.
Link: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/138149-assustaram-os-donos-do-poder-e-isso-foi-otimo.shtml
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