REENVIANDO
Jornal da LBI - Liga Bolchevique Internacionalista Nº 265 -
1ª Quinzena
JULGAMENTO DO “MENSALÃO”
Farsa jurídica desatou onda nacional de perseguição aos movimentos sociais e suas lideranças políticas
Não
foram poucas as vozes no interior da “oposição de esquerda” que
aplaudiram o julgamento pelo STF do chamado esquema do “Mensalão”.
Afirmavam, estes falsos vestais da esquerda revisionista, que se tratava
de fazer “justiça” contra a degeneração moral e material em que se
encontra a direção histórica do PT.
Afinal
o julgamento do Supremo serviria como uma espécie de “acerto de contas”
contra os que promoveram a reforma neoliberal da previdência para
beneficiar o capital financeiro. Também serviria, segundo a mesma lógica
“moralista”, para punir a corrupção pessoal dos dirigentes petistas que
elevaram em muito seu padrão de vida, ostentando publicamente carros de
luxo e residências faraônicas.
Na
esteira da mídia “murdochiana”, a “oposição de esquerda” passou a
acalentar a figura do “carrasco” dos mensaleiros, o falastrão
reacionário Joaquim Barbosa. Sob um cálculo eleitoreiro o PSOL e PSTU
(seguidos pelas seitas revisionistas) silenciaram o caráter de classe do
STF, omitindo simplesmente que se tratava de uma corte maior da
burguesa, a serviço dos grandes grupos capitalistas nacionais e até
estrangeiros.
Outros
setores minoritários da esquerda revisionista, um pouco menos
integrados à institucionalidade parlamentar, caracterizaram
“puritanamente” o espetáculo fraudulento da Ação Penal 470 como uma mera
disputa interburguesa e, portanto ficariam “neutros” diante do seu
desfecho.
Desde
a LBI denunciamos “na primeira hora” o embuste midiático montado pela
burguesia, a partir do controle que mantém do STF, para criminalizar o
conjunto da esquerda e suas lideranças políticas (reformistas,
revisionistas ou revolucionárias), tendo como ponto de partida o chamado
“julgamento do século”.
Se
é inteiramente verdade que a “antiga” direção do PT estava submersa no
mar de lama da cooptação estatal burguesa, traficando “generosas”
comissões para o favorecimento de empresas capitalistas que mantém
“negócios” com o governo central, não seria a instituição mais venal
desta “república de novos barões”, o STF, que teria a envergadura
histórica de “punir” os “mensaleiros”.
Como
marxistas não podemos esquecer que esta mesma corte de “ilibados”
magistrados avalizou o maior saque já realizado a este país, a
“Privataria Tucana”.
Mas
enquanto o “circo” do julgamento do “Mensalão” ainda se arrasta na
mídia, desde as eleições passadas e quem sabe até as próximas, se
desencadeia uma onda nacional de repressão jurídica aos movimentos
sociais acusados de “subversão da ordem”!
Como
havíamos corretamente prognosticado a burguesia, contando com a
anuência do governo Dilma, utilizaria o engodo do julgamento do
“Mensalão” como legitimação social para desencadear uma feroz ofensiva
contra o movimento de massas.
Enquanto
“fecha os olhos” para todos os esquemas pesados de corrupção da
oposição conservadora (Mensalão mineiro, Propinoduto paulista etc...) o
STF convoca uma cruzada “cívica”, encabeçada pelo novo herói do PIG,
para encarcerar os “esquerdistas” de “ontem e de hoje”!
O verdadeiro “estado de exceção” que hoje vive o estado do Rio de Janeiro, e em menor escala também São Paulo, com prisões, torturas e até mesmo assassinatos, é subproduto direto da escalada de “terror legal” patrocinada pelos ministros reacionários do STF.
Se no período anterior os “mensaleiros” foram “eleitos” pelo PIG como os piores “vilões” da nação, agora é o movimento Black Bloc o “escolhido” como o “inimigo público” número 1 do país. Mas também o conjunto do movimento sindical tem sido alvo de fustigamentos por parte da justiça burguesa, decretando a ilegalidade de várias greves e paralisações.
Toda mobilização que ultrapasse os estreitos limites da legalidade burguesa logo é considerada como “vândala” e “desordeira”. Os que aplaudiram ou silenciaram (como por exemplo o PSTU) diante da sanha direitista do STF, agora se ressentem do momento repressivo que atravessa o país. Parece que os “dividendos eleitorais” que a “oposição de esquerda” esperava faturar apoiando a sinistra ação do STF, foram mesmo “revertidos” em prisões e perseguições políticas contra o movimento de massas.
Mas seria injusto, de nossa parte, nominar apenas a “oposição de esquerda” como cúmplice política do dantesco teatro montado no STF.
Setores do próprio PT, encastelados no Planalto, urdiram de forma traiçoeira um conluio para afastar da vida política os dirigentes da tendência “Articulação”, como Dirceu e Delúbio. Estavam diretamente comprometidos, Palocci e Cia, com a indicação de Dilma para um novo mandato presidencial, pretendendo manter Lula acuado e afastado das próximas eleições. Dilma “lavou as mãos” e deixou totalmente a vontade os ministros do STF,embalados pelo PIG, promoverem uma verdadeira “caça às bruxas”, no melhor estilo dos tempos da ditadura militar.
Não nutrimos a menor simpatia ou relação política com os dirigentes da “Articulação”, pelo contrário, fomos a primeira corrente a declarar oposição de classe ao governo da Frente Popular, logo quando assumiram a “gerência geral” do Estado capitalista em 2003.
Mas não poderíamos de forma alguma engrossar o coro da reação e “embelezar” a instituição da corrupção suprema deste país.
Os marxistas leninistas da LBI não estão entre aqueles que abonaram a profunda degeneração programática e material dos dirigentes do PT, mas entendemos que será tarefa da própria classe operária através de seus organismos, e não da justiça dos capitalistas, realizar o balanço histórico dos atos de decomposição moral e política da direção petista.
Rechaçar a ofensiva patronal ora em curso, reafirmando com vigor a legitimidade dos métodos da ação direta dos oprimidos, é parte central de uma plataforma de combate por uma alternativa de poder revolucionário dos trabalhadores.
Para educar a nova vanguarda classista nas melhores tradições socialistas da independência de classe, não podemos disseminar ilusões em nenhuma instituição deste regime infame da democracia dos ricos!
18h19min]
Jornal da LBI - Liga Bolchevique Internacionalista Nº 265 -
FAMIGLIA MARINHO
Autocrítica do apoio à quartelada militar ou prenúncio de um novo golpe de estado por outras vias?
Em
um editorial recente o pastelão O Globo anunciou uma “autocrítica” pelo
“apoio editorial” ao golpe militar desferido contra o povo brasileiro
em 1964. A primeira leitura deste tardio “perdão” poderia apontar para
uma singela readequação da mafiosa famiglia aos novos tempos de
“democracia”.
Afinal
de contas, este regime vigente da “democracia dos ricos” caiu como uma
luva aos interesses comerciais do poderoso grupo de comunicações, que
manteve praticamente inalterada sua hegemonia no setor.
Não
se pode esquecer que o apoio (na verdade uma conspiração) a todo
processo que culminou na derrubada do governo nacionalista de Goulart,
teve como primazia os interesses comerciais do empreendimento dos
Marinho.
Com
a sedimentação da ditadura militar o jornal O Globo transformou-se
rapidamente em uma rede nacional de TV, desbancando o império das
comunicações nacional, construído por Assis Chateaubriand. Em plena
sintonia com o imperialismo Ianque, que financiou inicialmente todo o
megaprojeto dos Marinho em parceria com o grupo Time Life, a TV Globo
converteu-se na principal base de apoio de “massas” do regime militar (o
monopólio da cobertura da copa do mundo em 70 foi o ponto determinante
da inflexão), sendo muito bem gratificada pelos serviços prestados.
Mas
se no caso dos milicos a “ideologia” reacionária dos Marinho casava
muito bem com seus interesses empresariais, não se pode dizer o mesmo da
última década dos governos petistas, onde mesmo sendo beneficiada com
generosas verbas estatais (faturadas diretamente por anúncios públicos
ou via empréstimos do BNDES), a rede Globo não consegue digerir uma
longa sequência histórica de “poder” da Frente Popular. Por suas
viscerais ligações com o grande “Amo do Norte”, os Marinho se oferecem
mais uma vez para serem parceiros da ofensiva imperialista contra os
governos da “centro-esquerda” na América Latina, só que desta vez
“jurando amor” pela democracia!
Somente muito tolos ou inocentes úteis podem acreditar que a participação dos Marinho em 64 se restringiu a um “apoio editorial” aos militares golpistas. Como esquecer nas páginas de O Globo a fotografia de nossos combatentes sendo expostas com a chamada de “Procura-se os perigosos terroristas”! Será que a “amnésia” dos Marinho os fizeram esquecer de seus inúmeros editoriais, ao longo de vinte anos celebrando figuras sinistras como os torturadores Fleury, Costa e Silva e Médici.
E quando vociferaram por repressão brutal ao movimento operário, os Marinho por acaso estavam vivendo em um momentâneo “surto” autoritário? Mas não mais que de repente a rede Globo se declarou contrária a censura e até “protetora” de intelectuais comunistas perseguidos pelos militares, e como justificar a completa legitimidade que deu ao famigerado AI-5? Realmente a “autocrítica” dos Marinho não é capaz de convencer a ninguém minimamente esclarecido sobre a história recente do país, parece mesmo estar voltada a sinalizar para a burguesia nacional que tomarão outro caminho político para “encurtar” a era estatal petista, ou seja o do golpe constitucional, desta vez em nome da democracia!
O controle político que os Marinho hoje detém da maioria do STF, produzindo midiaticamente a figura de seu presidente como um “herói nacional” em pleno “combate” aos corruptos dirigentes do PT, é um claro sinal de seus objetivos golpistas, que podem percorrer várias trilhas. Só este elemento deveria receber a mais veemente repulsa de todo o arco das forças que reivindicam a democracia formal em nosso país, a exigência da renúncia do conjunto desta comprometida Corte Suprema se coloca como tarefa imediata do movimento de massas.
Desgraçadamente muitos dos que fazem oposição de “esquerda” ao governo Dilma pensam que é progressiva a “chicana” feita pelo STF contra o PT, ignorando que se trata de um ataque ao conjunto da esquerda e das próprias liberdades democráticas.
A primeira opção dos golpistas e seu partido midiático, o PIG, ainda é o tradicional processo eleitoral. Neste terreno, possuem todos os instrumentos possíveis para a manipulação contra o PT e a favor das candidaturas conservadoras.
Também contam com o fraudulento sistema da urna eletrônica, criado como um recurso preventivo da burguesia para evitar resultados eleitorais inaceitáveis. Mas a ofensiva imperialista em curso “trabalha” com variantes que necessariamente não podem esperar somente pelo resultado das urnas, por mais manietados que estes sejam.
Nesta via entram em cena as alternativas golpistas “constitucionais”, lastreadas nas próprias instituições do regime vigente (como recentemente ocorreu em Honduras e no Paraguay), que necessitam de forte legitimação nos setores da população desorganizada. Este processo está em plena gestação em países como Venezuela, Bolívia e Equador e de forma mais embrionária na Argentina e Brasil.
A Globo, seguindo a orientação imperial, ao anunciar sua “autocrítica” em relação ao apoio dado a quartelada militar, na verdade, pretende declarar a “praça” que está bem ativa na organização golpista “constitucional”.
Jornal da LBI - Liga Bolchevique Internacionalista
AGORA É OFICIAL
ITAÚ muda nome de uma das suas empresas para REDE, será que Campos e Marina receberão os “royalties”...
A
Redecard, empresa do conglomerado financeiro ITAÚ Unibanco, passou a se
chamar Rede. O anúncio oficial foi feito nesta terça-feira (22/10).
O
banco controlado pela família Setúbal reposicionou a marca de captura
de transações de crédito e de débito com o objetivo de “adaptá-la” à
“nova conjuntura” surgida com as “Jornadas de Junho” e anunciou a
entrada da empresa em um novo segmento de negócios, “focado em pessoas
físicas e profissionais liberais”, ou seja na classe média. Como
principais financiadores do projeto político “Marina” os Setúbal agora
se apropriam da legenda REDE, se não no campo eleitoral, em função da
negação do registro pelo TSE, mas pelo menos no terreno comercial.
O
Brasil é o quarto maior mercado de cartões de crédito do mundo, atrás
de EUA, Canadá e China, e movimentou no ano passado R$ 710 bilhões em
transações. A previsão do ITAÚ é que o país movimente R$ 800 bilhões
neste ano. Dados do próprio banco mostram que 75% da população
brasileira têm cartões, mas que ainda há espaço para crescer. A aposta
de “colar” o nome REDE a uma empreitada comercial contou com o aval
pessoal de Marina e de sua anturragem vendida, mas não se sabe ainda o
que o governador Eduardo pensa a respeito da questão, será que esta
dupla de vigaristas políticos receberá os “royalties” do grupo ITAÚ?
Além da mudança de nome, a nova marca da empresa também foi redesenhada pela família Setúbal. O novo logo traz todas as letras da Rede conectadas uma à outra, e as cores mudaram. A simetria com o símbolo político do REDE de Marina fica patente. Assim como o ITAÚ, a Rede terá presença forte do laranja e do amarelo. Fernando Chacon diretor executivo de marketing do grupo ITAÚ definiu assim a mudança: “A Redecard deixa de ser empresa adquirente para assumir sua posição de líder da indústria de meios de pagamento”, como se pode notar a expectativa do conglomerado financeiro não é pequena na evolução da “nova” Rede, talvez porque acreditem que a chapa neoliberal de Eduardo&Marina (ou vice-versa) tem grandes chances de ocupar o Planalto para “facilitar” as reivindicações... dos rentistas.
Mas se as “esperanças” do setor financeiro recaem preferencialmente sobre a candidatura do PSB à presidência, não podemos afirmar que sob os governos da Frente Popular estes parasitas saíram perdendo. Este é o caso do Bradesco (parece nutrir simpatias por um novo mandato para Dilma), que acaba de anunciar um lucro recorde de três bilhões de Reais somente no terceiro trimestre deste ano, ao mesmo tempo que reajustam miseravelmente os salários da categoria bancária sob a justificativa de seguir as “metas” inflacionárias determinadas pelo Banco Central. Para mostrar aos banqueiros que sua reeleição também é conveniente ao setor, Dilma vem retomando com força a política neomonetarista de elevação constante da taxa básica de juros, a SELIC. Assim cai por terra a defesa incondicional que alguns “intelectuais” chapa branca faziam do governo do PT, caracterizando a “gerência” da Frente Popular como “neodesenvolvimentista”, juros baixos mesmo só para grandes empresas capitalistas subsidiadas pela “generosidade” do BNDES.
A mais nova “economista” do mercado, Marina Silva, anteriormente identificada com a charlatanice da tese de um “desenvolvimento sustentável” do modo de produção capitalista, agora faz apologia do “tripé” econômico implantado com ortodoxia na era FHC. O tal “tripé” neoliberal pressupõe um duro ajuste fiscal combinado com uma política de arrocho monetário e o cumprimento das metas inflacionárias, traduzindo é a velha receita do imperialismo para colocar o país em recessão no sentido do pagamento rigoroso dos serviços da dívida pública. O “socialista” Eduardo Campos que “abraçou” programaticamente o REDE, tenta inutilmente se descolar da imagem de candidato ungido pelo mercado financeiro, mas sua provável vice não faz o menor esforço em dissimular suas opções ideológicas e comerciais.
Para acabar com esta verdadeira promiscuidade entre o setor empresarial privado a escória política e o estado nacional, é necessário demolir as instituições do regime burguês, pela via da ação das massas no rumo da revolução socialista. Não há reforma social possível nos marcos do Estado capitalista, a corrupção e a “troca de favores” são partes integrantes e indissolúveis da acumulação privada de capital. Como afirmou Lenin, em plena época histórica do domínio imperialista sobre os povos e nações, se destaca a hegemonia do capital financeiro sobre todos os ramos da produção humana. O que assistimos hoje na conjuntura política do Brasil é a confirmação plena das teses Leninistas, onde os banqueiros e rentistas apostam em seus candidatos a “gestores” estatais dos negócios gerais da burguesia.
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