Reforma na China derruba valor do dólar
Moeda tem a maior queda desde agosto com investidores otimistas com perspectiva de maior abertura chinesa
Dólar fecha em baixa de 2,2% em relação ao real; bom humor é global, e Bolsas sobem no Brasil e no exterior
DANIELLE BRANT DE SÃO PAULO
O
otimismo de investidores com as reformas anunciadas pela China na
última sexta derrubou o dólar e deu impulso às Bolsas no Brasil e no
mundo. A aposta de analistas é que a maior abertura da economia chinesa
beneficie fornecedores de matérias primas, como é o caso do Brasil e de
outros emergentes.
Nesse
cenário, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou em
queda de 2,20%, a maior desde 28 de agosto, cotado a R$ 2,267. E o dólar
comercial, usado no comércio exterior, teve baixa de 2,32%, a maior
desde 18 de setembro, para R$ 2,268.
Segundo
o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, a
permissão para que a iniciativa privada ocupe um espaço maior na
economia chinesa atrai investimentos mais pesados ao país e anima
sobretudo os emergentes, grandes fornecedores de matérias-primas.
"Isso
fortalece as moedas locais em relação ao dólar", acrescenta. "Mas é
difícil saber até que ponto as reformas vão se concretizar."
O governo chinês não deu prazo para a implementação das mudanças nem detalhou como vai executá-las.
Das
24 moedas emergentes mais negociadas, 18 subiram ontem em relação ao
dólar. O real foi a que mais se valorizou, seguido pela rupia indonésia
(alta de 1,98%) e pela rupia indiana (1,53%).
PATAMAR DO DOLAR
Para
analistas, o dólar deve permanecer no patamar entre R$ 2,25 e R$ 2,30
até o fim do ano, podendo alcançar R$ 2,35 segundo algumas projeções.
Tudo vai depender, afirmam, da velocidade da redução dos estímulos econômicos nos EUA.
Desde
2012, o Fed (banco central americano) injeta mensalmente US$ 85 bilhões
na economia por meio da recompra de títulos. Parte desse valor se
reverte em investimentos em outros países.
Com
a redução do incentivo, o volume de recursos disponíveis para essas
aplicações diminui e, diante da perspectiva de menor entrada de dólares
no Brasil, o preço da moeda americana tende a subir ante o real.
Na
última quinta, Janet Yellen, indicada para assumir o Fed em 1º de
fevereiro, deu a entender ao mercado financeiro que vai manter os
estímulos até que a economia dos EUA esteja mais robusta.
INTERVENÇÕES
O
BC brasileiro deu continuidade ontem ao seu programa de leilões de
contratos de "swap" cambial, que equivalem à venda de dólares no mercado
futuro e empurram as cotações para baixo.
O
Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, subiu 1,60%, para
54.307 pontos, favorecido também pelos mercados americanos. Em Nova
York, os índices Dow Jones e S&P 500 bateram recordes de pontos
durante o dia.
As ações da Petrobras ajudaram a Bolsa local. Os papéis mais negociados subiram 4,84%, para R$ 21,44.
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