segunda-feira, 18 de novembro de 2013

ECONOMIA DE MERCADO PRIVATIVISTA: China anuncia plano ambicioso de liberalização econômica e social

China anuncia plano ambicioso de liberalização econômica e social

Por Dow Jones Newswires
PEQUIM  -  A China divulgou nesta sexta-feira detalhes de um plano abrangente de reforma econômica e social, prometendo reduzir o papel do governo em diversos setores e estimular as forças de mercado. 
As reformas, divulgadas pela agência oficial do país, parecem bem mais ambiciosas do que as declarações cautelosas do comunicado que foi divulgado após o fim da reunião de cúpula do Partido Comunista, na terça-feira. 
Segundo o documento de hoje, a China pretende acelerar a liberalização da taxa de juros e abrir sua conta de capital, além de encorajar a criação de mais bancos privados e lançar um sistema de seguro de depósito bancário. 
O relatório também promete abrir mais áreas para o investimento estrangeiro, como o comércio eletrônico, logística e atendimento de saúde para os mais velhos, cuja parcela vem crescendo na população. Há também a promessa de facilitação para o investimento no exterior por parte de pessoas físicas. 
A China também promete deixar os preços atualmente controlados de alguns itens, como petróleo, gás e água, mais alinhados com a demanda e a oferta de mercado. 
O relatório prevê ainda relaxar os controles sobre as migrações de pessoas do interior para as cidades, bem como as limitações que existem atualmente para que os agricultores vendam suas terras. 
Entre outros pontos trazidos pelo documento estão também a intenção de avançar com a legislação sobre falências, a previsão de criação de um imposto anual sobre o valor dos imóveis (o que teria como objetivo conter a espiral de alta dos preços do setor) e a promessa de aumentar os esforços para que as estatais repassem uma parcela maior de lucros para o governo. Esse percentual pode chegar a 30% até 2020. Parte dos recursos pode ser usada para financiar uma rede nacional de seguridade social.  
O comunicado de hoje também diz que a China pretende criar um sistema de alerta para a dívida do governo. O documento não dá detalhes, mas a ideia é um sinal da crescente preocupação com a expansão do endividamento público. Além disso, mais autoridade pode ser dada para que governos locais emitam bônus, uma prática que atualmente é quase totalmente restrita ao governo central. 
Desafios
O teste agora para o presidente chinês, Xi Jinping, e para outros líderes que assumiram seus postos em março após a conclusão de um processo de transição política que ocorre uma vez a cada década, será o sucesso e a rapidez da implementação de sua agenda.
O relatório de 20 páginas divulgado hoje não traz muitos detalhes sobre o cronograma de muitos componentes do plano e muitas de suas propostas poderão enfrentar resistências de governos locais, de poderosas empresas estatais e de outros grupos. 
Ainda assim, analistas e investidores gostaram do que viram.
“O plano anunciado hoje reverte o desapontamento que os mercados sentiram no início desta semana”, disse o economista da Capital Economics Mark Williams. “Permanecem grandes dúvidas sobre como e quando ele será implementado. Mas se julgarmos pelo que está no documento em si, é um grande passo à frente.”
O plano influenciou positivamente a bolsa local, e o índice Xangai Composto fechou em alta de 1,7%, já que partes do texto vazaram quando o mercado ainda estava aberto. 
O comunicado que havia sido divulgado pelo Partido Comunista na terça-feira, logo após o fim da reunião de cúpula, prometeu dar aos mercados um “papel decisivo” na formação de preços de recursos, mas também mencionou a atuação essencial do governo na economia. Além disso, o texto mal tocava nas reformas há muito tempo esperadas para o sistema financeiro, como a liberalização das taxas de juros, que hoje são fixadas pelo banco central do país. 
O documento divulgado hoje, em contrapartida, “inclui reformas profundas em quase todas as frentes”, escreveu o economista do UBS Wang Tao em nota para seus clientes. “Logicamente, as implicações para a economia e para o mercado dependem fundamentalmente da implementação e da continuidade.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário