segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

GOVERNO MILITAR, CONSPIRAÇÃO, COMPLÔ & ATENTADO POLÍTICO: Comissão da Verdade de SP.

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A Comissão Municipal da Verdade Vladimir Herzog, em atividade na Câmara Municipal de São Paulo, declarou oficialmente nesta terça-feira (10) o assassinato do ex-presidente da República, Juscelino Kubitschek.
JK-Acidente
Segundo a versão oficial, JK teria morrido em uma colisão com um ônibus, acidente ocorrido na Rodovia Presidente Dutra, em 1976. Porém, em 1996, foi encontrado um fragmento metálico na cabeça do motorista que conduzia o carro do ex-presidente, que havia sido identificado pelo laudo oficial como um "prego do caixão". A conclusão foi contestada por peritos, que afirmaram que o fragmento tinha características de um projétil de arma de fogo.
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O relatório reúne 90 indícios, "evidências, provas, testemunhos, circunstâncias, contradições, controvérsias e questionamentos" mostram que o ex-presidente foi alvo de um complô em 22 de agosto de 1976. "Não temos dúvida de que Juscelino Kubitschek foi vítima de conspiração, complô e atentado político", afirma o vereador Gilberto Natalini, presidente da Comissão Municipal da Verdade.
"Acidente"
Gilberto Natalini afirmou, em audiência pública na manhã desta terça-feira (10), que o trabalho desmonta a versão do governo militar de que o acidente teria sido provocado por uma colisão do Opala de JK com um ônibus, como registrado oficialmente. Uma das provas de que o carro não sofreu uma colisão, além do testemunho do próprio motorista do ônibus, é que existe uma foto do Opala logo após o acidente, com a traseira intacta. Após permanecer uma noite em poder dos agentes do governo, apareceria uma nova foto com a lanterna traseira esquerda amassada, o que que comprovaria a colisão (fotos ao lado, cedidas pela Comissão).
Além disso, há o depoimendo de pelo menos 9 passageiros dizendo que não houve batida alguma, e que o carro do ex-presidente teria ultrapassado o ônibus já sem controle. Segundo o motorista do ônibus, ele teria parado no primeiro posto rodoviário para informar o acidente.
Assassinato
Após desmontar a tese do acidente, o relátório procura enumerar todos os indícios de que o motorista de Juscelino, Gerlado Ribeiro, teria sido assassinado. Entre os indícios está o testemunho de um caminhoneiro que afirmou ter visto o motorista do Opala de JK debruçado com a cabeça caída entre o volante e a porta, o que não deixa dúvidas que o motorista do ex-presidente estava desarcordado.
O perito Alberto Carlos de Minas relatou que, durante a exumação do motorista de JK em 1996, foi impedido de fotografar o crânio do motorista do ex-presidente por agentes do Estado, e no qual teria visto o buraco de um projétil. Após o impedimento, teria recebido a informação de que o crânio já estaria esfarelado no momento da exumação. Além disso o perito teria sofrido ameaças para não levantar a hipótese de um "assassinato político". A Comissão pediu à Justiça mineira por uma nova exumação do motorista e aguarda uma resposta.
Agora o presidente da Comissão pede que o Executivo reconheça que Juscelino Kubitschek foi assassinado pelo regime militar. JK "morreu de morte matada e não de morte morrida", afirmou Natalini.
* Com reportagem de Lilian Primi

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