sábado, 8 de fevereiro de 2014

COMISSÃO DA VERDADE: Wadih Damous revela que Ditadura vigiou filhos do deputado Rubens Paiva.

Foto: Wadih Damous, presidente da Comissão de Direitos Humanos, da OAB Nacional
Ditadura vigiou filhos do deputado Rubens Paiva
Revelação foi feita por Comissão da Verdade
BERNARDO MELLO FRANCO DO RIO
Documentos secretos da ditadura militar revelam que os órgãos da repressão espionaram os filhos do deputado Rubens Paiva mesmo após o desaparecimento dele.
O parlamentar foi morto sob tortura após ser preso clandestinamente em 1971. Ele foi visto pela última vez num quartel do Exército onde funcionava o Doi-Codi, na Tijuca, zona norte do Rio.
De acordo com os novos papéis, o escritor Marcelo Rubens Paiva e a psicóloga Vera Paiva foram seguidos e fichados durante 13 anos.
O último documento é de 1984, ano que antecedeu a redemocratização do país.
O relatório, do Centro de Informações da Aeronáutica, faz um resumo biográfico de Marcelo e afirma que ele era filiado ao PT. Segundo Vera Paiva, a informação é falsa.
Em 1981, o SNI (Serviço Nacional de Informações) escreveu que Vera estava "ultimando um trabalho sobre torturas no país", que ainda não havia sido apresentado.
"Fui presa mais de uma vez e humilhada pela repressão", contou Vera Paiva à Folha.
Os papéis foram divulgados ontem pela Comissão Estadual da Verdade do Rio. Na véspera, o órgão divulgou o depoimento de um militar que desmonta a falsa versão oficial de que Rubens Paiva teria fugido da prisão.
Wadih Damous, presidente da Comissão da Verdade do Rio, protestou contra a decisão do Exército de não comentar as revelações.
"O silêncio do Exército é algo muito grave", disse.
 
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Comissão da Verdade convocará agentes da ditadura
Fonte: jornal O Globo
A Comissão Nacional da Verdade (CNV) vai convocar agentes de segurança estaduais que o Exército tentou proteger no inicio dos anos 80 de represálias em função de seu "engajamento pessoal ou funcional com o ideário da Revolução de 1964"

Documento revelado pelo GLOBO no último domingo apontou a preocupação com a segurança de indivíduos considerados colaboradores do regime após a eleição, em 1982, de governadores de oposição em estados como Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Especialistas consideram o registro raro, por não ser comum a exposição de colaboradores efetivos do regime em documentos oficiais.

- A comissão tem feito com freqüência a coleta de depoimentos, públicos ou reservados. Esse documento é uma fonte que vamos considerar. Devemos buscar menções (aos agentes citados) em outras fontes, como o depoimento de vítimas. Trabalhamos com o cruzamento de informações - disse o coordenador da comissão, Pedro Dallari.

Segundo ele, boa parte dos relatos colhidos junto a agentes da repressão está sendo feita de modo reservado, a pedido dos próprios declarantes. Embora a comissão não tenha status de autoridade judiciária, uma de suas atribuições é apontar a autoria de violações aos direitos humanos.

- A regra de confidencialidade é legítima - afirmou.

O documento revela também que agentes da Polícia Civil do Rio que o Exército tentou proteger na Polícia Federal para que não sofressem represálias com a eleição de Leonel Brizola, em 1982, não foram incorporados ao funcionalismo federal, como ocorreu com agentes de São Paulo. Eles não só foram mantidos em seus cargos, como alguns trabalharam próximos de Brizola, um dos principais alvos de monitoramento do regime.

Alguns agentes passaram a trabalhar no Departamento Geral de Investigações Especiais (DGIE), sucessor do antigo Departamento de Ordem Política e Social (Dops). É o caso do delegado Fernando Pires de Carvalho Aragão, de 75 anos, aposentado, citado no documento.

Embora afirme desconhecer os motivos pelos quais foi incluído na lista de protegidos do Exército, ele afirma ter trabalhado em departamento que "cuidava até da segurança" de Brizola. O ex-policial diz que não teve problemas com o político, que, segundo ele, "não teve preocupação de ficar com picuinha" Ele nega ter colaborado com órgãos de informação federal durante esse período:

- Trabalhava para manter o governador informado de coisas de que ele precisava saber.
 

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