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Está na Folha de São Paulo
General deve ser acusado pela morte de Rubens Paiva
Comissão da Verdade apontou José Belham como responsável pelo crime
Militar reformado, de 80 anos, comandava DOI-Codi do Rio em 1971, quando deputado foi torturado e morto
BERNARDO MELLO FRANCO DO RIO
O
Ministério Público Federal deve pedir a abertura de ação penal contra o
general reformado José Antonio Nogueira Belham, 80, pela morte do
deputado Rubens Paiva, preso e torturado pela ditadura militar em 1971.
A
informação foi dada ontem pelo coordenador da Comissão Nacional da
Verdade, Pedro Dallari. Ele apontou Belham, então chefe do DOI-Codi no
Rio, como responsável pela morte e pela ocultação do corpo do deputado.
Paiva
era perseguido pelo regime e foi preso em 20 de janeiro de 1971. Morreu
no dia seguinte, após sofrer espancamentos em bases da Aeronáutica e do
Exército no Rio.
Belham
comandava o DOI-Codi carioca, onde a vítima foi vista pela última vez.
Ouvido pela comissão em 2013, ele negou participação no caso.
"O
general Belham tem total ciência dos fatos ligados à morte e à
ocultação do corpo de Rubens Paiva", afirmou Dallari. "Ele está vivo,
sabe o que aconteceu e tem a obrigação moral de dizer onde estão os
restos mortais."
A
comissão também apontou ontem o então tenente Antonio Fernando Hughes
de Carvalho, morto em 2005, como um dos assassinos de Paiva. Ele foi
visto por dois militares agredindo o deputado.
Agora, a comissão vai pedir à Câmara dos Deputados que instale uma CPI para obrigar Belham a depor.
Em 2012, a Casa devolveu simbolicamente o mandato de Paiva, cassado em 1964.
O
advogado do general disse à comissão que ele foi avisado pelo
Ministério Público de que será denunciado em breve. A Procuradoria disse
não se pronunciar sobre investigações em andamento.
Belham não foi localizado ontem, e o Exército voltou a se recusar a dar informações sobre o desaparecimento.
Rosa Cardoso, da comissão, disse que o órgão se esforçará para descobrir o paradeiro do corpo até o fim do ano.
Belham
disse estar de férias quando Paiva foi preso. Mas a comissão descobriu
documentos que atestam que ele não só estava no local como examinou
papéis apreendidos com o deputado.
Após
a morte, militares encenaram farsa para sustentar que o deputado teria
sido libertado em ação da guerrilha. A versão foi derrubada recentemente
pelo coronel reformado Raymundo Campos.
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