‘Ou mudamos ou morremos’, alerta Leonardo Boff
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"Hoje
vivemos uma crise dos fundamentos de nossa convivência pessoal,
nacional e mundial. Se olharmos a Terra como um todo, percebemos que
quase nada funciona a contento”. A opinião é do teólogo e professor
Leonardo Boff, que escreveu artigo recente para osite do Instituto Ethos.
Segundo
Boff, a Terra está doente. "E como somos, enquanto humanos também Terra
(homem vem de humus=terra fértil), nos sentimos todos, de certa forma,
doentes. A percepção que temos é de que não podemos continuar nesse
caminho, pois nos levará a um abismo. Fomos tão insensatos nas últimas
gerações que construímos o princípio de auto-destruição. Não é fantasia
holywoodiana”, observou.
De
acordo com ele, a humanidade tem condições de destruir várias vezes a
biosfera e impossibilitar o projeto planetário humano. "Desta vez não
haverá uma arca de Noé que salve a alguns e deixa perecer os demais. Os
destinos da Terra e da humanidade coincidem: ou nos salvamos juntos ou
sucumbimos juntos”, ressaltou Boff.
"Em
primeiro lugar, há de se entender o eixo estruturador de nossas
sociedades hoje mundializadas, principal responsável por esse curso
perigoso. É o tipo de economia que inventamos. A economia é fundamental,
pois, ela é responsável pela produção e reprodução de nossa vida. O
tipo de economia vigente se monta sobre a troca competitiva. Tudo na
sociedade e na economia se concentra na troca. A troca aqui é
qualificada, é competitiva. Só o mais forte triunfa. Os outros ou se
agregam como sócios subalternos ou desaparecem. O resultado desta lógica
da competição de todos com todos é duplo: de um lado uma acumulação
fantástica de benefícios em poucos grupos e de outro, uma exclusão
fantástica da maioria das pessoas, dos grupos e das nações”.
Para
Boff, atualmente, o grande crime da humanidade é o da exclusão social.
"Por todas as partes reina fome crônica, aumento das doenças antes
erradicadas, depredação dos recursos limitados da natureza e um ambiente
geral de violência, de opressão e de guerra”.
Individualismo x Cooperação
Um
dos pontos mencionados pelo teólogo no artigo é que a grande maioria
dos países e das pessoas não cabe mais sob seu teto. "Agora esse tipo de
economia da troca competitiva se mostra altamente destrutiva, onde quer
que ela penetre e se imponha. Ela nos pode levar ao destino dos
dinossauros”, comparou Boff.
Ao
defender a ideia de que "ou mudamos, ou morremos”, Boff sugere como
alternativa uma nova racionalidade, por meio do princípio da cooperação
(ele cita o livro de Maurício Abdalla sobre o tema). "Se não fizermos
essa conversão, preparemo-nos para o pior. Urge começar com as
revoluções moleculares. Comecemos por nós mesmos, sendo seres
cooperativos, solidários, com-passivos, simplesmente humanos. Com isso
definimos a direção certa. Nela há esperança e vida para nós e para a
Terra”, conclui Boff.
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