terça-feira, 15 de outubro de 2013

Direitos Humanos & Nota de Repúdio


Em evento pelo Dia das Crianças, críticas à redução da maioridade penal

Fonte: redação da Tribuna do Advogado
 
A Comissão de Direitos Humanos (CDH) da OAB/RJ divulgou nesta sexta-feira, dia 11, uma nota de repúdio às propostas discutidas em âmbito nacional de redução de maioridade penal e de ampliação do tempo de internação de jovens infratores. A leitura do documento aconteceu durante evento comemorativo sobre os direitos das crianças e dos adolescentes, na sede da Seccional.

O texto salienta que "os praticantes de tais atos são pessoas em formação, o que enseja por parte da medida não apenas a punição, tão clamada pela sociedade, mas, principalmente, a compreensão por parte desses jovens do ato praticado para sua consequente ressocialização". Na nota, é ressaltado, ainda, que "apenas 1% dos homicídios e latrocínios ocorridos no Brasil tem a autoria imputada a adolescentes, descredenciando assim o argumento de que os altos índices de violência urbana se devem a atos cometidos pela juventude".
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Criamos uma legislação específica que não foi aplicada até hoje ou estaríamos em melhor situação no sentido de garantir os direitos de nossos jovens
Marcelo Chalreo
presidente do DDH

Durante a abertura do evento, o presidente da CDH, Marcelo Chalréo, destacou a importância de se colocar em prática o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). "Criamos uma legislação específica que não foi aplicada até hoje ou estaríamos em melhor situação no sentido de garantir os direitos de nossos jovens", disse. Ele criticou o tratamento dado pela sociedade à questão da redução da maioridade penal. "Tratam a criminalidade como se fosse um problema criado pelos jovens", disse. Participaram, também, presidente do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes, Miná Taam, e a vice-presidente do Conselho Estadual dos Direitos das Crianças e Adolescentes, Monica Alkimin. A apresentação ficou a cargo de Carlos Nicodemos.

Na parte da manhã, foram realizadas palestras e atividades de arte e cultura, com apresentações musicais - Liga dos Cantantes, Espaço Doce Saber, RAP da Saúde, percussão mirim do Mestre Dá e funk de jovens do Degase -, roda de capoeira e performances de dança, com o grupo Passinho Cantagalo.

À tarde, foram apresentados dois painéis. O primeiro, com mediação das integrantes da CDH Anna Carolina Pinto e Maria Clara Moreira, teve como tema o Protagonismo juvenil e defesa de direitos, com os seguintes palestrantes: Maria de Fatima Silva (Movimento Candelária Nunca Mais); Sidney Teles (Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente); Deise Carvalho (Núcleo das mães vítimas de violência do Estado); Maria Helena Zamora (doutora em Psicologia Clínica e professora da PUC-Rio), e Antonio Pedro (Mecanismo de Combate à Tortura).

No segundo painel, o tema foi Política socioeducativa para adolescentes autores de ato infracional: entre a proteção e a redução de direitos. A mediação foi feita pela integrante da CDH Margarida Prado e os palestrantes convidados foram a psicóloga e integrante do Conselho Federal de Psicologia (CFP) e do Conselho Nacional dos Direitos das Crianças e Adolescentes (Conanda), Esther Arantes; a defensora pública do Estado do Rio de Janeiro e membro da Coordenadoria de Defesa de Direitos da Criança e do Adolescentes (CDEDICA), Eufrásia Souza das Virgens, além de Monica Alkimin. O presidente da Associação dos Conselheiros e Ex-Conselheiros da Infância (AECCI), desembargador Siro Darlan encerrou o dia lembrando a importância do debate sobre o tema. "É difícil falar em direitos das crianças em uma sociedade que tem a exclusão como prática. Sabemos o quanto sofrem os jovens negligenciados e precisamos manter a discussão, buscando a ajuda de todos os advogados e da OAB", concluiu.

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