TERCEIRIZAÇÃO PRECARIZADORA: Acaso aprovado o PL 4330/04 os trabalhadores sofrerão o maior retrocesso social laboral
TERCEIRIZAÇÃO
PRECARIZADORA: O Projeto de Lei 4330/2004, a pretexto de regulamentar a
terceirização no Brasil, expande prática lesiva e contrária aos
direitos sociais mínimos, com risco de causar sérios danos aos
trabalhadores brasileiros, caso aprovado.
Leia mais.
NOTA PÚBLICA
O
FÓRUM PERMANENTE EM DEFESA DOS DIREITOS DOS TRABALHADORES AMEAÇADOS
PELA TERCEIRIZAÇÃO, organismo que reúne diferentes setores da sociedade,
envolvidos na luta contra a precarização do trabalho no país e que
subscrevem a presente NOTA, reunido no último dia 10 de setembro de
2013, decidiu vir a público ratificar posição a respeito ao PL
4330/2004, o que faz nos termos seguintes:
O
Projeto de Lei 4330/2004, a pretexto de regulamentar a terceirização no
Brasil, expande prática lesiva e contrária aos direitos sociais
mínimos, com risco de causar sérios danos aos trabalhadores brasileiros,
caso aprovado.
Entre
os problemas mais agudos do projeto está a completa liberação da
prática do trabalho terceirizado em atividades-fim, o que equivaleria ao
absurdo de admitir até mesmo o funcionamento de empresas sem empregados
registrados em seu quadro de pessoal.
A
sociedade precisa ficar atenta e cobrar de seus representantes no
Parlamento a rejeição do referido projeto, que pode propiciar danos
sociais irreversíveis, como o desemprego e a discriminação.
Os
trabalhadores em regime de terceirização no Brasil, conforme estudos,
recebem salários menores para exercer as mesmas funções que os
contratados diretamente. Além disso, trabalham, em média, três horas a
mais, estando submetidos a uma rotatividade que chega ao percentual de
44%, contra 22% dos trabalhadores diretamente vinculados.
Não
há dúvidas, de outro modo, que o projeto 4330/2004, caso aprovado,
geraria um ajuste danoso no mercado de trabalho, com forte onda de
desemprego para adaptação à nova regência legal de trabalho precário,
com redução das garantias sociais.
Nesse
impensável contexto, o rebaixamento dramático da remuneração de milhões
de trabalhadores ocorreria com ampla possibilidade de agredir os
valores sociais e humanos, protegidos constitucionalmente, afetando
fortemente, também, de maneira negativa, o mercado interno de trabalho e
de consumo, fruto do decréscimo global da renda.
A
terceirização constitui, enfim, manobra destinada a reduzir custos de
pessoal, pelo rebaixamento de salários e de encargos sociais, mas
ofende um dos princípios básicos da Organização Internacional do
Trabalho, no sentido de que o trabalho humano não é mercadoria.
Desse
modo, O FÓRUM PERMANENTE EM DEFESA DOS DIREITOS DOS TRABALHADORES
AMEAÇADOS PELA TERCEIRIZAÇÃO conclama os trabalhadores, a sociedade
civil e os parlamentares comprometidos com as causas sociais a lutarem
pela rejeição do PL nº 4.330/2004 , recusando iniciativa que tem por
objetivo legitimar a desigualdade.
Saiba mais sobre o Fórum.
Agência Brasil
Empresa Brasil de Comunicão
Lançado fórum de luta contra a banalização da contratação de trabalhadores por meio de terceirizações
Lourenço Canuto
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Brasília
– Professores, procuradores do Trabalho, juízes, sindicalistas e
entidades que representam a sociedade civil organizada estiveram hoje
(17) na Câmara dos Deputados para dar apoio a um fórum permanente de
luta contra a banalização da terceirização, hoje usada por empresas
privadas e órgãos públicos para substituir em alguns casos a contratação
direta. Na ocasião, o grupo assinou um manifesto em defesa dos direitos
dos trabalhadores ameaçados pela terceirização.
Um
dos objetivos do fórum é defender o aperfeiçoamento do projeto de lei
que está em estudo em comissão especial da Câmara, para tratar do
assunto. A comissão deve votar no próximo dia 23 o relatório sobre a
matéria, de autoria do deputado Roberto Santiago (PSD-SP). A divergência
nas discussões sobre o projeto, até o momento, se concentra no fato de a
proposição eliminar as conceituações de atividade meio e atividade fim,
substituindo por atividade especializada.
A
nova conceituação valeria para qualquer ramo de atividade da empresa, o
que "banaliza a possibilidade de terceirização", segundo o deputado
Vicentinho (PT-SP), que tem projeto de lei alternativo tramitando sobre a
questão.
Para
o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique, a
terceirização "é o instrumento utilizado pelos grandes grupos para
fragilizar os direitos e a organização dos trabalhadores". Ele disse que
a maioria dos meios de comunicação "não se interessa em divulgar o
assunto porque a terceirização interessa a eles também" e, no lançamento
do fórum, chegou a elogiar a presença de profissionais da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), no plenário da Câmara onde ocorreu o evento.
De
acordo com dados divulgados pela CUT, a remuneração dos terceirizados é
em média 27% menor do que a dos servidores efetivos das empresas. A
entidade alega ainda que os direitos sociais dos terceirizados são
menores que os dos efetivos em 72,5% dos casos. Os terceirizados, ainda
segundo a CUT, sofrem uma série de discriminações no ambiente de
trabalho, onde têm os piores alojamentos e os piores refeitórios.
Segundo
a CUT, a Petrobras conta com 70 mil funcionários diretos e 300 mil
terceirizados. Em 2009, havia um índice de 80% de terceirização na
empresa e foram registrados 136 óbitos entre 1995 e 2008, sendo que 85%
dos casos referem-se a trabalhadores terceirizados.
Ainda
conforme a CUT, o índice de acidentes com terceirizados, em geral, é o
dobro do que se verifica com os empregados diretos nas empresas. Isso
acontece por má especialização e por condições de trabalho
desfavoráveis, na avaliação da entidade. O setor elétrico, indica, é um
dos exemplos. De 1999 a 2010, foram registrados 320 acidentes de
trabalho nas empresas de energia de São Paulo, sendo que em 179 estavam
envolvidos trabalhadores terceirizados. A rotatividade de trabalho entre
terceirizados é muito grande também em todas as áreas, segundo a CUT.
Na construção civil, por exemplo, 49% dos terceirizados não completam um
ano de atividade, sendo demitidos.
O
fórum contra a terceirização defende a aprovação do projeto de lei do
deputado Vicentinho, que, segundo o próprio deputado informou, procura
"democratizar as relações de trabalho e acabar com a precarização". A
proposição proíbe a terceirização na atividade fim das empresas,
estabelece a responsabilidade solidária das empresas com relação às
obrigações trabalhistas das contratadas, prega a igualdade de direitos e
de condições de trabalho e penaliza as que não respeitarem os direitos
trabalhistas dos terceirizados.
Vicentinho
destacou que a questão da terceirização está em discussão há 20 anos e
disse que, para ele, "está na hora de acabar com a exploração dos
trabalhadores". O deputado informou, ainda, que vai apresentar voto em
separado à Comissão Especial, no relatório do deputado Roberto Santiago,
e vai anexar o manifesto divulgado hoje.
O
manifesto em defesa dos direitos dos trabalhadores ameaçados pela
terceirização foi protocolado no Palácio do Planalto pelo presidente da
CUT, Arthur Henrique, endereçado à Secretaria-Geral da Presidência da
República.
Edição: Lana Cristina
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