MEIO AMBIENTE LABORAL
Luiz Salvador defende melhorias para qualidade de vida de quem produz
(*) Luiz Salvador
Luiz Salvador: ‘Estado e empresas precisam cuidar melhor dos
trabalhadores’
Bruno Soares
Adital
Luiz Salvador defende melhorias para qualidade de vida de quem produz.
Presidente da Associação Latino-Americana de Advogados Laboralistas aborda incoerências entre INSS, Justiça e empregadores
IPATINGA - De passagem pelo Vale do Aço, a caminho do 7º Encontro
Luso-Brasileiro de Juristas do Trabalho, realizado em Ouro Preto, entre os dias
14 e 16 de abril, o presidente da Associação Brasileira de Advogados
Trabalhistas (ABRAT), Luiz Salvador, concedeu entrevista ao DIÁRIO DO AÇO. O
advogado, que atua em Curitiba (PR) falou sobre os principais desafios impostos
a empresários e trabalhadores. Confira a entrevista.
DIÁRIO DO AÇO – O que acontece atualmente para o Brasil figurar como o
país que apresenta o maior índice de acidentes de trabalho do mundo?
LUIZ SALVADOR – Durante algum tempo nós vivemos sob a perspectiva do bem
estar social. Neste estágio, caberia ao Estado garantir e viabilizar a
dignidade, a saúde, o emprego, a habitação, e uma série de outros direitos
assegurados aos cidadãos por meio de nossa Constituição Federal. De um tempo
para cá, de maneira cada vez mais rápida e impetuosa, o Capital, representado
por grandes oligarquias, tem perpetuado seus interesses com o apoio daqueles
que deveriam olhar pelo lado dos trabalhadores. Dessa maneira, ferramentas que
deveriam ser usadas para garantir a segurança, a saúde e a prevenção de
acidentes nos locais de trabalho, acabam sendo desvirtuadas para não contrariar
a lógica da obtenção do lucro e do desenvolvimento não sustentável.
DA – O Estado se omite diante da tarefa de assegurar a saúde dos
trabalhadores?
LUIZ SALVADOR – Evidente que sim. E a lógica de toda essa problemática é
fundamentada em três pilares. O direito trabalhista, a saúde do trabalhador e
os interesses capitalistas. Para garantir o progresso, o Brasil tem atendido
praticamente todos os pedidos das grandes oligarquias. Diante de um país de
desempregados e desqualificados profissionalmente, os trabalhadores são
desrespeitados diariamente quando se trata do direito à saúde e preservação de
sua qualidade de vida. Tudo isso com as bênçãos do Instituto Nacional de
Segurança Social (INSS) e até mesmo da própria Justiça.
DA – Qual o seria o problema com o INSS e a Justiça?
LUIZ SALVADOR – Essas duas instituições deveriam assegurar direitos aos
trabalhadores. E esta missão é o que menos tem sido feita por ambas as partes.
Atualmente o Brasil conta com 5,8 milhões de ações trabalhistas na Justiça de
pessoas que lutam para garantir um direito já assegurado por lei. Essas ações
são provenientes da insatisfação de um trabalhador, que ao ficar doente ou se
acidentar, procura o INSS para conseguir um auxílio-doença ou outro benefício
do gênero. Ao chegar para ser examinado pelo perito do INSS, este médico, que
já está preparado para não conceder benefícios, determina o afastamento de 60
dias para o trabalhador se recuperar e depois voltar ao trabalho. Por discordar
do diagnóstico do perito do INSS, o trabalhador entra na Justiça para recorrer
da decisão. Quem o trabalhador encontra para examiná-lo novamente? Os mesmos
peritos que atuam para o Governo atuam na Justiça e atuam ainda em empresas
privadas. Isso para mim deveria ser tratado como crime. Não se pode misturar o
público com o privado. Mas essa realidade tem sido ignorada.
DA – O senhor tem conhecimento se essa realidade também acontece no Vale
do Aço?
LUIZ SALVADOR – Isso acontece no Brasil como um todo. Aqui no Vale do
Aço também. Médicos de grandes empresas da região trabalham na Justiça do
Trabalho e também são peritos do INSS. Como os trabalhadores poderão conseguir
algum tipo de benefício se toda a lógica de atendimento é formulada para não
contrariar os interesses das empresas? A consequência disso é que temos um
exército de trabalhadores doentes e milhares de processos na Justiça à espera
de julgamentos.
DA – O que o senhor propõe para minimizar estes problemas?
LUIZ ANTÔNIO – Propomos que os valores humanos sejam reavaliados. Todo
trabalhador tem direito de sair de uma empresa gozando da mesma condição de
saúde de quando entrou. Os empregadores precisam investir muito mais e melhor
em prevenção de acidentes e entender que esses investimentos não são gastos.
Mais investimentos. E a Justiça e os órgãos governamentais precisam exercer o
papel de fiscalização das atividades nas empresas. Só com a união de
empresários, sindicatos e trabalhadores é que poderemos tirar o Brasil dessa
liderança tão triste que é a de ser o país com o maior número de acidentes de
trabalho do mundo.
(*) Luiz Salvador é advogado trabalhista
e previdenciarista em Curitiba-Pr, Ex-Presidente da ABRAT (www.abrat.adv.br),
Presidente da ALAL (www.alal.com.br), Diretor
do Depto. de Saúde do Trabalhador da JUTRA (www.jutra.org), assessor jurídico
de entidades de trabalhadores, membro integrante, do corpo técnico do Diap, do
corpo de jurados, do TILS – Tribunal Internacional de Liberdade Sindical
(México), do TMLS – Tribunal Mundial de Liberdade Sindical (Colômbia), da
Comissão Nacional de Relações internacionais do CF da OAB Nacional e da
Comissão de “juristas” responsável pela elaboração de propostas de
aprimoramento e modernização da legislação trabalhista instituídas pelas
Portarias-MJ 840, 1.787, 2.522/08 E 3105/09, E-mail: luizsalv@terra.com.br,
site: www.defesadedireitos.com.br
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