Seminário Internacional Carajás 30 anos
Seminário Internacional Carajás 30 anos: conclusões e continuidade
segunda-feira 12 de maio de 2014
“Ainda não temos a compreensão exata do que esse seminário representa para a história política e social dos povos da Amazônia oriental”. Essas são as palavras do coordenador geral do Seminário Internacional Carajás 30 anos, Pe. Dário Bossi, diante da grandiosidade do evento, que reuniu pesquisadores, universidades, ONGs e instituições, nacionais e internacionais de defesa de direitos. O evento aconteceu na Universidade Federal do Maranhão em São Luís, no período de 05 a 09 de maio.
Pensado durante dois anos, o seminário foi organizado em quatro etapas locais: Imperatriz – MA (16 a 18/10/2013), Marabá – PA (14 a 16/03/2014), Santa Inês – MA (21 e 22/03/2014) e Belém – PA (10 a 12/04/2014), onde foram discutidas as problemáticas regionais dos grandes projetos que afetam centenas de famílias nos estados do Pará e Maranhão, principalmente com empreendimentos de extração mineral e produção de ferro. A reflexão central dessas etapas foi a discussão sobre o modelo de “desenvolvimento” conhecido no Brasil e no mundo, por priorizar o máximo de lucro e o mínimo de investimento às questões sociais.
Os debates que aconteceram no evento internacional proporcionaram o compartilhamento de experiências entre dezenas de comunidades, que têm suas terras invadidas por grandes empresas que não respeitam os direitos das populações. Foram aproximadamente 50 instituições envolvidas, 11 países representados, mais de 70 palestrantes e por volta de 1.500 participantes.
Durantes os cinco dias aconteceram dezenas de Mesas Redondas, Fóruns Temáticos e 70 trabalhos científicos apresentados. Para o peruano Rafael Figueroa, que veio apresentar as experiências de lutas do seu país frente aos mega projetos, esta é uma oportunidade para a troca de experiências entre as comunidades que sofrem os problemas provocados pela extração de minérios. “Esse encontro é importante, porque precisamos unificar nossas lutas, temos os mesmos problemas, lutamos pelas mesmas causas e compartilhamos um grande patrimônio, que é a Amazônia, e a vida das pessoas que vivem nesse espaço precisam ser respeitadas”, afirma.
O militante do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Leandro Diniz, destaca que “o Seminário é importante para a formação política das pessoas, sejam elas dos movimentos sociais ou não, que buscam debater as problemáticas dos grandes projetos que afetam a classe trabalhadora no campo e na cidade”. As comunidades deixaram seus recados e mostraram que estão mobilizadas internacionalmente para resistir às pressões dos grandes projetos que trazem o retrocesso para Amazônia Oriental.
Padre Dário Bossi faz uma análise geral do seminário: “Cumprimos as metas e os objetivos que tínhamos proposto. Precisamos de tempo agora para poder medir seus impactos e sua eficácia. A impressão que temos é que vai nos surpreender, principalmente por representar um marco histórico na luta dessas populações”.
Continuidade
Para a coordenação do evento “esse seminário traz algo de novo. E a partir das discussões, entendemos que é possível a convergência de ações e estratégias, para garantir os direitos dessas pessoas, violadas pela lógica do capital. Saímos daqui com a convicção de que temos ações urgentes com relação a duplicação dos trilhos, do sistema mina-ferrovia-porto e denunciar a ilegalidade da duplicação dos trilhos. Estas são ações que buscam concretizar o protagonismos das populações indígenas, quilombolas e outras, como atores da transformação e da mudança”.
Ainda destacaram a importância de integrar cada vez mais os conhecimentos da academia com os saberes populares, e unificar as lutas locais com as lutas nacionais e internacionais.
Por Domingos de Almeida
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