sexta-feira, 9 de maio de 2014

BELÉM: Baixo consumo de fruta deixa Belém mais gorda.



Belém está entre as capitais mais gordas

PESQUISA
Alimentação de péssima qualidade coloca a cidade como uma das 10 populações com maior taxa de sobrepeso 
BRASÍLIA
THIAGO VILARINS
Da Sucursal
O baixo consumo de frutas, verduras e hortaliças, associado à excessiva ingestão de gordura saturada e produtos industrializados, como refrigerantes, e a falta de disposição para atividades físicas colocam os moradores de Belém em uma situação desfavorável no quesito obesidade em relação à população das outras capitais do País. De acordo a pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2013), divulgada na última semana pelo Ministério da Saúde, 51,1% dos habitantes da capital paraense estão acima do peso e que destes, 15,8% são obesos. 
Mais preocupante ainda é que, ao contrário do desempenho nacional, que apontou queda na taxa de pessoas com sobrepeso em 2013 em relação ao ano anterior (era 51% e caiu para 50,8%), em Belém, esse índice não para de crescer. Em 2006, quando se realizou o primeiro levantamento, essa proporção era de 39,5% - cerca de 12 pontos percentuais abaixo da marca atual. Na comparação com o percentual de 2012, a parcela de pessoas que lutam contra a balança aumentou quase 1%. Já a margem de pessoas obesas em Belém registrou uma leve redução nos dois últimos anos de 0,3%, o que sugere um cenário de estabilização. 
De acordo com a pesquisa, o principal vilão para o aumento crescente do peso da população belenense é o hábito alimentar pouco saudável. “É importante ressaltar as questões que envolvem a alimentação tradicional, porque a padronização de hábitos saudáveis que desconheçam os regionalismos, a cultura local, ela é extremamente deletéria. Um exemplo concreto disso, a gente identifica no Norte, principalmente em Belém, em que as frutas e hortaliças tem um menor consumo. É muito contraditório que, onde há abundância de frutas, não se verifique um consumo ao menos regular. E pior, quando são consumidas, quase sempre é em forma de suco, com adição de açúcar ou transformadas em sorvete”, alertou a O Liberal, o ministro da Saúde, Arthur Chioro.  
“Precisamos retomar estratégias que se possa fazer com que se tenha, efetivamente, a utilização desta matéria-prima que a natureza oferece em abundância no Norte. Isso é estratégico para que se tenha hábitos mais saudáveis de alimentação em Belém e em quase todas as capitais do Norte, que apresenta esses índices tão preocupantes”, completou. 
Os dados do Vigitel 2013 sobre consumo de alimentos, disponibilizados pelo Ministério da Saúde a O Liberal, comprovam essa preocupação do ministro. Os belenenses estão entre as duas capitais que menos consomem frutas e hortaliças. Menos de um quinto da população (17,1%) ingere a porção diária recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), de cinco ou mais porções ao dia. Somente Rio Branco (AC) apresenta proporção inferior: 16,9%. Como comparativo, em Belo Horizonte, Brasília e Florianópolis, essa proporção é quase o dobro da média paraense: 30%. Em todo o País, essa média é de 23,6%. 
Entre as mulheres da capital paraense, somente uma parcela de 20,4% tem esse hábito (segunda pior marca entre todas as capitais), enquanto entre os homens, essa proporção é ainda menor: 13,1%  (terceiro pior índice). “O consumo das frutas, verduras e legumes é baixíssimo em Belém. Como comparação, a média nacional, que já é considerada baixa, é de pouco mais de 23%. Esse dado é muito alarmante, do ponto de vista da obesidade”, avalia a diretora de análise de situação de saúde do Ministério da Saúde, Deborah Malta.
Além de figurar entre as capitais que menos ingerem frutas e hortaliças, Belém se destaca no rol das que mais consomem gordura saturada. Mais de um quarto da população (28,6%) admite a preferência pela carne com gordura. O indicador é ainda mais alarmante no universo masculino, onde essa opção atinge 41,3%. Os refrigerantes também têm consumidores fieis - 19,7% admitem esse tipo de bebida ao menos cinco vezes por semana. 
SEDENTARISMO
Outro fator determinante para o aumento de peso da população de Belém é o sedentarismo. O Vigitel 2013 revela que tem diminuído a proporção de adultos que praticam atividades físicas no tempo livre (pelo menos 150 minutos de atividade de intensidade moderada por semana). A margem de 38,3% dos habitantes registrada em 2012, caiu para 36,2% no último ano. Na análise por sexo, as mulheres continuam sendo as que menos se interessam em exercício físico: apenas 25,3% praticam atividade física no tempo livre (em 2012, era 30,4%). Já entre os homens, esse percentual é de 48,9% (era 47,7%). A pesquisa ainda traz o número de pessoas fisicamente inativas em Belém: 16,7%, sendo 13,8% do sexo masculino e 19,2% do feminino. 
“Esses números mostram a necessidade do conjunto de iniciativas que estamos fazendo”, destacou o ministro, apresentando, em seguida, os números das enfermidades crônicas decorrentes do sobrepeso. Em Belém, segundo a pesquisa, já são 5,5% da população com diagnóstico de diabetes (4,9% homens e 6% mulheres) e 20,4% com hipertensão (18,9 homens e 21,7% mulheres). A pesquisa ainda traz que 7,7% da população também é fumante, sendo mais comum entre os habitantes do sexo masculino (11,4%). 
“Também temos elementos importantes como as medidas voltadas ao combate do tabagismo”, acrescentou o ministro.  Como boa notícia, o Vigitel 2013 apontou que, apesar do aumento de mulheres acima do peso em Belém, elas estão mais preocupadas com os exames regulares. A pesquisa  revela que no ano passado 66,5% das mulheres com idade entre 50 e 69 anos afirmaram ter se submetido ao exame de mamografia nos últimos dois anos. O levantamento traz dados ainda sobre a prevenção ao câncer de colo de útero: 78,6% das mulheres entre 25 e 64 anos,  pesquisadas em Belém,  realizaram o exame de citologia oncótica, mais conhecido como “papanicolau”, nos últimos três anos. 

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