sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

INTERVENÇÃO MILITAR & SOBERANIA VIOLENTADA: Kennedy discutiu ação militar para depor Jango.

Jornal do Terra

Kennedy discutiu ação militar para depor Jango da Presidência em 1963

 
O ex-presidente americano John F. Kennedy cogitou uma intervenção militar dos Estados Unidos ao Brasil para depor o então presidente brasileiro, João Goulart, o Jango, em outubro de 1963. O líder da Casa Branca se reuniu com o embaixador americano no Brasil naquela época, Lincoln Gordon, e com outras autoridades nos dias 7 e 8 de outubro de 1963 - em 22 de novembro do mesmo ano, Kennedy foi assassinato a tiros. Durante a reunião, o presidente dos EUA perguntou ao embaixador: "acha aconselhável que façamos uma intervenção militar?". As informações são do jornalista Elio Gaspari e foram publicadas em seu site, Arquivos da Ditadura.
O conteúdo da reunião foi gravado por Kennedy, e revela que os EUA se preparavam para utilizar força armada para que Jango deixasse o poder. Após a morte de Kennedy, a intervenção militar americana não foi necessária - apenas o apoio diplomático de seu sucessor, Lyndon B. Johnson, garantiu que os militares brasileiros promovessem o golpe de Estado em 1º de abril de 1964.
Nos dias 7 e 8 de outubro de 1963, a reunião convocada por Kennedy discutiu a situação do Brasil e do Vietnã. As autoridades americanas temiam que Jango implementasse medidas de reformas de base, em um País com instituições e economia em crise.
No primeiro dia, Kennedy e Gordon discutiram o contexto brasileiro, e deixaram claro que os EUA estavam preparados para intervir militarmente se o governo de Jango aprofundasse a plataforma de esquerda. Gordon iniciou a reunião expondo a situação brasileira, explicando que a crise no País se acentuara com a renúncia do presidenteJânio Quadros em 1961 - que foi sucedido pelo vice, Jango, que causava preocupações aos americanos por suas ligações com sindicalistas e ativistas de esquerda.
Kennedy interrompeu o embaixador e disse: "temos alguma decisão imediata para pressioná-lo?", referindo-se a Jango. "O que devemos fazer imediatamente no campo político? Nada?", questionou o presidente. Gordon, então, disse que havia dois planos: "Goulart abandona a imagem (de esquerdista) e resolve pacificamente, ou talvez não tão pacífico: ele pode ser tirado involuntariamente".
O embaixador ainda perguntou: "vamos suspender relações diplomáticas, econômicas, ajuda, todas essas coisas? Ou vamos encontrar uma maneira de fazer o que todo mundo faz?". Então, Kennedy pediu o conselho de Gordon: "você vê a situação indo para onde deveria, acha aconselhável que façamos uma intervenção militar?".
O embaixador, então, disse que os diplomatas trabalhavam com a possibilidade de intervenção caso o presidente brasileiro desse mais sinais de afinidade com a esquerda, influenciado por "velhos amigos", como chamou Gordon - referindo-se, entre eles, a Leonel Brizola, então governador do Rio Grande do Sul e cunhado de Jango.
 

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