sexta-feira, 20 de junho de 2014

EXECUÇÕES EXTRADUDICIAIS & FALSOS POSITIVOS: Relatório liga Militares dos EUA a execuções na Colômbia.

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Jornal do Terra
Relatório liga militares dos EUA a execuções na Colômbia
A ajuda militar e policial dada pelos Estados Unidos à Colômbia, principalmente entre 2000 e 2010, teve impacto no aumento substancial dos casos de execuções extrajudiciais, conhecidas no país como "falsos positivos", segundo um relatório divulgado pelo Movimento de Reconciliação e a Coordenação Colômbia-Europa-Estados Unidos.
O estudo analisa o nível de penetração da ajuda militar americana nas diferentes unidades do exército e os registros na procuradoria de "falsos positivos", as execuções extrajudiciais de civis apresentados como baixas em combate em troca de benefícios econômicos ou promoções.
"Existe uma correlação entre as brigadas do Exército que receberam um nível médio de assistência dos Estados Unidos e a comissão de execuções extrajudiciais", estabeleceu o estudo, sem apresentar números concretos.
A explicação desta relação está, segundo testemunhos militares, no fato de que havia uma política estabelecida na instituição para apresentar altos números de guerrilheiros mortos, rebeldes ou não, o que provaria que o auxílio americano estava surtindo efeito.
Por isso, também conclui que "um maior percentual de unidades comandadas por oficiais treinados pelos Estados Unidos entre 2001 e 2003 cometeram execuções múltiplas de unidades de comandantes colombianos escolhidos ao acaso".
Durante o Plano Colômbia, o programa de cooperação com os Estados Unidos implementado em 2002 para acabar com o narcotráfico e as guerrilhas pela via militar, "mostrou um aumento substancial em estatísticas de execuções extrajudiciais pelas Forças Armadas e a polícia, o que torna imprescindível uma avaliação rigorosa dos impactos de tais recursos na situação humanitária da Colômbia", recomendou o relatório.
Entre 2000 e 2010 foram registradas 5.763 execuções extrajudiciais na Colômbia, 1.821 delas atribuídas a uma unidade do Exército por testemunhas, órgãos judiciais e ONGs. Estima-se que durante o governo do ex-presidente e senador eleito, Álvaro Uribe, os casos cresceram em 101%.
Os registros começaram a diminuir em 2008, quando explodiu o escândalo dos "falsos positivos" na pequena cidade de Soacha, próxima a Bogotá, onde 20 jovens civis foram enganados por militares para fazer um trabalho que nunca realizaram e depois foram reportados mortos com uniformes militares.
Em consequência, o investimento americano começou a diminuir porque o mau uso e as violações dos direitos humanos decorrentes do mesmo foram comprovados.
O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, disse na segunda-feira, após ser reeleito, que espera que os processos de paz em andamento permitam a utilização dos recursos do Plano Colômbia, que são cada vez menores, no pós-conflito.
 

RESPONSABILIDADE OBJETIVA: RESPONSABILIDADE OBJETIVA.

RESPONSABILIDADE OBJETIVA

Empregador é responsável por acidente quando atividade envolve riscos

19 de junho de 2014, 13:42h
Em acidentes de trabalho decorrentes de atividades que habitualmente envolvem riscos e nas quais não existe a possibilidade de eliminar fatores agressivos à integridade do funcionário, há responsabilização objetiva do empregador. Com esse entendimento, a 2ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região (Ceará) determinou que uma empresa do ramo de artefatos de alumínio pagasse indenização por danos morais de R$ 10 mil a um cobrador que se feriu durante o expediente. Ainda cabe recurso.
O funcionário trabalhou como cobrador na companhia de abril de 2008 a fevereiro de 2010. No primeiro mês, quando se deslocava para fazer uma cobrança, bateu sua moto em uma carroça. Com o acidente, teve de se afastar por dez meses do emprego. A empresa sustentou que o pedido era indevido pois o funcionário era o único culpado pelo acidente.
Em sua decisão, o relator da matéria, desembargador Durval Maria, afirmou que “haverá obrigação de reparar o dano, independentemente da culpa, quando a atividade desenvolvida pela empresa implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outras pessoas”.
Além da indenização por dano moral, o cobrador reivindicava reparação por danos materiais. Ele não apresentou, no entanto, nenhuma prova que demonstrasse despesas com tratamentos ou medicamentos. Por esse motivo, o pedido foi negado pelos desembargadores da corte. Com informações da Assessoria de Imprensa do TRT-7.
Processo 0000634-12.2011.5.07.0027

APROXIMAÇÃO COMERCIAL: Dilma e Juan Manuel Santos estudam aproximar Aliança do Pacifico e Mercosul.

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Jornal do Terra
Dilma e Juan Manuel Santos estudam aproximar Aliança do Pacífico e Mercosul
A presidente Dilma Rousseff se reuniu nesta quinta-feira em Brasília com o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, com quem analisou assuntos bilaterais e regionais, e a possibilidade de "aproximar" a Aliança do Pacífico e o Mercosul.
A Aliança do Pacífico, que integram Colômbia, Chile, México e Peru, "não é contra ninguém" e "uma sinergia com o Mercosul seria bem-vinda", declarou Santos aos jornalistas às portas do Palácio da Alvorada, residência oficial de Dilma em Brasília.
Segundo Santos, existe "interesse" tanto da Colômbia como do Brasil para "aproximar" ambos os blocos, sobre os quais considerou que são "complementares" e afirmou que não competem entre eles.
O Mercosul é formado por Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela, e nos últimos anos foi criticado por empresários dos próprios países-membros por sua incapacidade de avançar em acordos comerciais com outros blocos.
Segundo Santos, uma "aproximação" entre Mercosul e Aliança do Pacífico "deixaria todos mais fortes" e daria mais "força" aos processos de integração na América Latina.
Esse interesse será transmitido aos líderes dos países da Aliança do Pacífico nesta sexta-feira, durante a IX Cúpula do bloco que será realizada no México, para onde viajará hoje mesmo, após assistir ao jogo que a seleção da Colômbia jogará em Brasília contra a Costa do Marfim na Copa do Mundo.
Santos também explicou que conversou com Dilma sobre o processo de negociações de paz com as guerrilhas das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e os contatos que foram iniciados no mesmo sentido com o Exército de Libertação Nacional (ELN).
Sobre o ELN, o governante se absteve de dar detalhes, pois reiterou que existe um "acordo de confidencialidade" com o grupo, mas garantiu que os contatos "exploratórios" vão por "um bom caminho" e "na "direção correta".
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Santos disse que Dilma manifestou seu pleno apoio a essas negociações e ressaltou que o Brasil "sempre" apoiou a busca da paz na Colômbia.
"Brasil teve uma ativa participação em todo este processo" e "ajudou muito desde o início", declarou Santos, que lembrou que o governo brasileiro apoiou com a logística em libertações de reféns que estavam em mãos das Farc.
No último dia 10, quando informou oficialmente sobre os contatos "exploratórios" com o ELN, o governo colombiano agradeceu "a boa vontade e o compromisso" de Brasil, Chile, Cuba, Equador, Noruega e Venezuela, que seriam "fiadores" dessa negociação.
O presidente colombiano disse que também conversou com Dilma sobre as possibilidades que existem para ampliar os intercâmbios comerciais entre ambos os países, que no ano passado alcançaram a soma de US$ 4,2 bilhões, assim como acordaram promover ainda os investimentos mútuos.
Santos também deu os "parabéns" a Dilma pela organização da Copa, que foi um dos assuntos que o trouxe hoje ao Brasil.
O presidente colombiano deve assistir à partida entre a seleção da Colômbia e a da Costa do Marfim nesta tarde, na qual pode ser classificada para a segunda fase do Mundial.
O presidente aproveitou a ocasião para enviar uma mensagem de estímulo à seleção colombiana, que dirigida pelo treinador argentino José Pekerman.
"A seleção neste momento é um símbolo de união nacional e o técnico e os jogadores têm 47 milhões de colombianos os apoiando", afirmou o líder, que disse que presenciará o jogo com "toda" a sua família.
Perguntado sobre um possível resultado, Santos deixou de lado a diplomacia e arriscou: "A Colômbia ganha por 2 a 1".
 

EMPREGABILIDADE INDIGNA: MPT abre processo contra Odebrechert por trabalho escravo.

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Grupo Odebrecht responde a processo de R$ 500 milhões por trabalho escravo e tráfico internacional de pessoas nas operações de Angola

Publicado por Procuradoria Regional do Trabalho da 15ª Região - 7 horas atrás
Araraquara - O Ministério Público do Trabalho em Araraquara ingressou com uma ação civil pública contra o grupo Odebrecht, representado por Construtora Norberto Odebrecht S.A., Olex Importação e Exportação S.A. e Odebrecht Agroindustrial S.A. (antes denominada ETH Bioenergia), pedindo que os réus deixem de realizar, promover, estimular ou contribuir com a submissão de trabalhadores à condição análoga a de escravos, com o aliciamento e tráfico (nacional e internacional) de seres humanos. Pelos danos morais coletivos, pede-se a condenação do grupo ao pagamento de indenização de R$ 500 milhões. O processo foi movido com base em graves irregularidades levantadas pelo procurador Rafael de Araújo Gomes nas obras de construção de uma usina de cana-de-açúcar em Angola, no continente africano.
O inquérito contra o grupo Odebrecht foi instaurado a partir da publicação de uma série de reportagens veiculadas pela agência internacional de notícias BBC, mencionando a existência de inúmeras condenações proferidas pela Justiça do Trabalho, reconhecendo a submissão de trabalhadores brasileiros, contratados na cidade de Américo Brasiliense (a 298 km de São Paulo), a condições degradantes de trabalho após terem sido enviados para trabalhar em Angola.
As obras pertenciam à Biocom/Companhia de Bioenergia de Angola Ltda., empresa angolana da qual são sócios a Odebrecht Angola, empresa do grupo multinacional brasileiro Odebrecht, a Sonangol Holdings Ltda., vinculada à estatal petrolífera de Angola, e a Damer Industria S.A. (empresa privada da qual são sócios dois generais e o vice-presidente de Angola). Atualmente, a Damer foi substituída pela Cochan S.A., pertencente a apenas um desses generais.
As provas produzidas nas dezenas de reclamações trabalhistas movidas contra a Odebrecht e a Pirâmide Assistência Técnica Ltda. (formalmente, uma prestadora de serviços da Biocom) revelam que os trabalhadores envolvidos em montagens industriais eram submetidos a condições indignas de trabalho em Angola, particularmente no que se refere a instalações sanitárias, áreas de vivência, alimentação e água para beber. Muitos trabalhadores adoeceram em razão das condições a que foram submetidos.
Em depoimentos prestados à Justiça, os trabalhadores relataram que os ambientes na obra eram muito sujos e os banheiros, distantes do local de trabalho, permaneciam sempre cheios e entupidos, obrigando os operários a evacuar no mato. Na obra havia, em média, 400 trabalhadores registrados em Américo Brasiliense pela Pirâmide. Resultados de exames médicos de trabalhadores que retornaram de Angola, encaminhados pelo Departamento Municipal de Saúde da Prefeitura de Américo Brasiliense, mostram que vários operários apresentaram febre, dor de cabeça, dor abdominal, diarreia, náuseas, fezes com sangue, emagrecimento, e alguns apresentaram suspeita de febre tifoide. Os relatos revelam ainda que a água consumida era salobra e a comida, estragada.
Em outros depoimentos relata-se que nas refeições era servida uma carne vermelha que se imaginava ser bovina. No entanto, a partir de informações que obtiveram do próprio cozinheiro, os trabalhadores descobriram que era servida carne de jiboia. Dentro da cozinha do refeitório era comum a presença de baratas e ratos; depoentes alegaram ter visto um rato morto entre os pratos. Quando um dos operários se deparou com um macaco na cozinha, desistiu de comer no local, pois sabia que o animal seria morto e servido aos trabalhadores como refeição.
Os trabalhadores, centenas deles, foram submetidos a condições degradantes de trabalho, incompatíveis com a dignidade humana, e tiveram sua liberdade cerceada, sendo podados em seu direito de ir e vir (veremos isso mais à frente). Em outras palavras, foram tratados como escravos modernos, com o agravante de tal violência ter sido cometida enquanto se encontravam isolados em país estrangeiro distante, sem qualquer capacidade de resistência, lamenta o procurador Rafael de Araújo Gomes.
Aliciamento e tráfico de pessoas - Além da submissão a condições degradantes de trabalho, descobriu-se que os trabalhadores recrutados foram submetidos ao aliciamento, primeiramente em território nacional e a seguir no exterior, tratando-se de hipótese típica de tráfico de seres humanos. As contratações aconteceram entre 2010 e 2014. Relacionado a isso, está a prática do marchandage, isto é, uma mera intermediação de mão de obra (o trabalhador tratado como mercadoria), que caracteriza a contratação de uma pseudoempresa, a W. Líder. Tanto a Pirâmide quanto a W. Líder, contratadas do grupo, trouxeram trabalhadores das cidades de Cocos (BA), São José da Lage (AL), União dos Palmares (AL), Alto Piquiri (PR) e Alto Araguaia (MT), e os enviaram para Américo Brasiliense e São José da Barra, onde houve a contratação e o envio desses trabalhadores a Angola.
Os depoimentos reforçam a condição de precariedade a que foram submetidos esses trabalhadores, que aguardaram por várias semanas a contratação prometida. Sem serem efetivamente registrados, sem salários, e na espera da emissão de passaportes e outras formalidades necessárias para a viagem ao exterior, os operários acumularam dívidas na região de Américo Brasiliense para se sustentar. O aliciamento em território brasileiro constituiu, entretanto, apenas o primeiro passo de uma rede voltada ao tráfico de seres humanos, pois a ele se seguiu o aliciamento, ainda mais grave, de trabalhadores para o exterior, cometido de forma gritantemente fraudulenta, condena Rafael de Araújo Gomes.
O MPT juntou evidências que demonstram a Odebrecht como verdadeira responsável pelos fatos. Segundo o inquérito, de forma planejada, a empresa, com a colaboração de representantes da Pirâmide, da W. Líder e de uma terceira subcontratada chamada Planusi, predeterminou o ingresso de todos os trabalhadores enviados a Angola na condição de estrangeiros ilegais no país, sujeitos a sanções previstas na legislação angolana, inclusive prisão, por não estarem autorizados a trabalhar no país. Todos os trabalhadores, depois de contratados no Brasil, eram enviados ao exterior com apenas o visto ordinário aposto nos seus passaportes, o que é considerado crime em Angola. Como resultado, os trabalhadores que foram apanhados na cidade de Cacuso pela polícia angolana foram presos, sendo que a maioria preferiu, depois disso, não sair dos alojamentos na própria obra.
O inquérito aponta que as empresas enviaram ofícios à Embaixada de Angola pedindo vistos ordinários, válidos por apenas 30 dias, sendo que a permanência dos operários em solo angolano era sempre contratada por período indeterminado. A Biocom/Odebrecht deliberada e desavergonhadamente mentiu à Embaixada de Angola em todos esses ofícios. Nenhum dos trabalhadores estava indo a Angola para permanecer apenas por 30 dias ou para tratar de negócios. Todos estavam indo a Angola para trabalhar na construção da usina da Biocom, após terem celebrado contratos de trabalho, quase todos por prazo indeterminado, prevendo a obrigação de ir àquele país trabalhar nas obras de montagem industrial. Acrescente-se a isso o fato de que as passagens aéreas de todos os trabalhadores foram adquiridas pela Odebrecht, sendo que elas já previam as datas de ida a Angola e de retorno ao Brasil, sempre com intervalo bem superior a 30 dias, contrariamente ao informado pela empresa nos ofícios à Embaixada, elucida o procurador.
O aliciamento e tráfico de seres humanos se deu, tudo leva a crer, por uma estratégia empresarial ignóbil, vil e mesquinha: desejou a Odebrecht, para concluir a obra que já estava atrasada (que ficou paralisada por um ano), contar com trabalhadores precários e inteiramente submetidos a seu jugo, incapazes de reagir ou de reclamar das condições suportadas, impossibilitados de procurar outro emprego, e que sequer pudessem sair do canteiro de obras. E para tê-los em suas mãos dessa forma, não apenas os fez ingressar no país mediante fraude, sem autorização para trabalho, transformando-os automaticamente em imigrantes ilegais, como ainda, depois, tomou-lhes os passaportes, transformando-os em imigrantes ilegais e indocumentados, acrescente Gomes.
Cerceamento de liberdade - a prova reunida pelo MPT demonstra que os trabalhadores brasileiros foram também submetidos ao cerceamento de sua liberdade, inclusive mediante a apropriação de documentos com o propósito de serem mantidos confinados no canteiro de obras. Chegando a Angola, o procedimento adotado pela Biocom/Odebrecht era de imediatamente tomar de todos os trabalhadores os seus passaportes, documento de identificação indispensável à salvaguarda dos direitos do estrangeiro. Além disso, não era disponibilizado pelos empregadores qualquer transporte para sair, ainda que aos finais de semana e nas folgas, do canteiro de obras, distante vários quilômetros da cidade mais próxima, numa região que não era servida por transporte coletivo. A consequência suportada pelos trabalhadores que, apesar de tais impedimentos, ainda assim se atreveram a sair do canteiro, por conseguir transporte de outras formas, como carona com trabalhadores angolanos, foi a que se poderia esperar: prisão pelas autoridades de Angola, lamenta o procurador.
A Odebrecht mantinha na entrada do canteiro guardas armados, que eram instruídos a não deixar os trabalhadores saírem. Fui até impedido de deixar o alojamento em direção ao refeitório para buscar um remédio para dor de cabeça, afirmou em depoimento um dos trabalhadores.
O que dizer da humilhação a que foram submetidos os trabalhadores, não um, mas vários, que tiveram, como confessado, que sair do país por meio de salvo conduto, como se apátridas fossem, já que seus passaportes jamais foram devolvidos?, questiona Gomes.
A responsabilidade do grupo na ação, o MPT credita toda a responsabilidade pelo aliciamento, tráfico internacional de seres humanos e submissão de trabalhadores a condições análogas à escravidão ao grupo Odebrecht.
As conclusões do Ministério Público são claras: empresas como W. Líder tem a função de arregimentar os trabalhadores, realizar a intermediação de mão de obra, alugar operários, colocá-los à disposição da Biocom/Odebrecht e da coordenadora da montagem, a Planusi. A W. Líder, na prática, são dois gatos, dois aliciadores e intermediadores de mão de obra, Washington Dantas Valentin e Paulo José da Silva, formalmente sócios da empresa, que se organizaram sob a forma de uma pessoa jurídica para facilitar o cometimento de ilícitos trabalhistas e contribuir à ocultação dos verdadeiros empregadores, esclarece Rafael de Araújo Gomes.
Diferentemente da W. Líder, a Pirâmide é uma empresa com larga experiência em montagem industrial, que pertence a um sólido grupo econômico. Contudo, em termos práticos, tornou-se uma repartição de atribuições dentro do grupo Odebrecht, e nessa condição subordinada, desprovida de verdadeira independência ou autonomia, desenvolveu seus serviços no exterior, tendo a Olex (também do grupo Odebrecht) como intermediadora pagadora. Assim como no contrato com a W. Líder, há o reconhecimento do negócio que está sendo celebrado, que é a exportação de mão obra. Exportação de pessoas, portanto, não de serviços.
As regras contidas no contrato e em seus anexos estabelecem, de forma expressa, que constituem obrigações da contratante Biocom, e não da contratada Pirâmide, a obtenção de vistos aos trabalhadores, a contratação de seguro, a aquisição de passagens aéreas, o custeio do transporte em Angola, o fornecimento de água e comida, a disponibilização de alojamentos e instalações sanitárias, a assistência médica, etc. Isso mostra que, na prática, o empregador é a Biocom/Odebrecht, e não a Pirâmide, traçando a responsabilidade objetiva do grupo sobre os trabalhadores, afirma o procurador.
Odebrecht é dona do negócio - a estratégia de defesa utilizada pela Construtora Norberto Odebrecht, principal empresa do grupo Odebrecht, para eximir-se de qualquer responsabilidade com relação aos fatos, é de que a Biocom é uma empresa estrangeira independente; embora integre o grupo Odebrecht, a construtora jamais teve qualquer relação com ela ou com as obras de construção da usina. A tentativa é de alegar a incompetência da justiça brasileira utilizando este argumento.
Essas afirmações se mostram completamente falsas, e desmoronam, como costuma acontecer com mentiras complexas demais para serem sustentadas, a partir de uma análise atenta das provas, as quais revelam que a construção da usina da Biocom e, sem dúvida, o funcionamento futuro da própria usina, é, no plano da realidade, um empreendimento direto e exclusivo da Construtora Norberto Odebrecht e da Odebrecht Agroindustrial (ex-ETH), diz Gomes. O MPT obteve provas de que a usina Biocom foi repassada à ETH, atual Odebrecht Agroindustrial, que a assumiu como uma de suas unidades, passando a administrá-la como dona, com a direta participação, também, da Construtora Norberto Odebrecht.
Tudo leva a crer que assumir a usina Biocom foi um encargo ordenado à ETH, mais do que uma oportunidade de negócio originalmente procurada e desejada por seus administradores, já envolvidos em consideráveis problemas no Brasil (a Odebrecht Agroindustrial é a empresa do grupo que mais enfrenta dificuldades econômicas). Quem desenvolve negócios, há muitos anos, em Angola é a Construtora Norberto Odebrecht, que efetivamente domina o grupo econômico, e tendo em vista a crise que se abateu sobre a Biocom, a transferência ao braço agrícola do grupo deve ter sido decidida pela esfera mais elevada de controle da organização, sendo determinado à ETH sua execução, desvenda Gomes.
Financiamento oculto do BNDES -Todos os contratos celebrados pela Biocom/Odebrecht, firmados a partir de 2012, com a presença da Olex como interveniente pagadora e relacionados à construção da obra da usina, apresentam cláusulas alertando que o preço a ser recebido pelas contratadas será pago com o aproveitamento de financiamento concedido pelo BNDES à Biocom ou ao governo angolano.
A princípio, não seria em absoluto necessário mencionar, nos contratos, que o dinheiro sairia de financiamento concedido pelo BNDES à Biocom ou ao governo angolano, pois a não incidência dos tributos decorreria, isto sim, da exportação de serviços, mas com a seguinte, e significativa, condição: desde que haja em razão disso ingresso de divisas no Brasil, explica Gomes.
Segundo o inquérito, o anúncio de que os pagamentos aos contratados seriam bancados com dinheiro do BNDES mostrou-se providência que a Odebrecht reconheceu, por algum motivo, como sendo de crucial importância, já que a condição é mencionada três vezes nos contratos, e foi reproduzida pelas contratadas em rigorosamente todos os recibos de pagamento. Não há qualquer registro público da concessão do financiamento: publicamente, ele não existe.
Vale lembrar que, conforme revelou reportagem do jornal Folha de São Paulo em 2013, o Governo Federal brasileiro decretou, de forma inédita, sigilo com relação a financiamentos concedidos pelo BNDES aos governos de Angola e de Cuba. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior posteriormente confirmou a decretação do segredo com relação a esses financiamentos, sendo que sobre o assunto tramita ação perante o Supremo Tribunal Federal.
A evidência dos autos demonstra que o dinheiro público brasileiro concedido de forma secreta foi, na verdade, usado para financiar um empreendimento marcado pela exploração sem limites de centenas de brasileiros, submetidos a condições degradantes de trabalho, ao cerceamento da liberdade, ao aliciamento nacional e internacional, ao risco de serem multados e presos no exterior, a fraudes trabalhistas de monta, visando à ocultação do verdadeiro empregador, entre outros ilícitos, como formação de quadrilha, falsidade ideológica e descumprimento de requisições, lamenta o procurador.
Por todo o exposto pode-se especular (não se pode ir além disso, dado que as provas, os documentos relativos ao financiamento e que esclareceriam a questão, foram tornados sigilosos) a possibilidade de estar em jogo um duplo segredo: o sigilo com relação a financiamentos para Angola pode ocultar, na verdade, o segredo de que a real beneficiária do financiamento pelo BNDES não é a Biocom ou o governo angolano, mas a Odebrecht. Mas essa não seria toda a história, pois não é crível que os parceiros angolanos concordassem com isso sem uma compensação à altura. E se estamos a falar em parceiros angolanos, estamos falando, muito claramente, do círculo íntimo do presidente da república, José Eduardo dos Santos, há 34 anos seguidos no poder, diz Rafael.
Dessa forma, o dinheiro utilizado para remunerar as contratadas da Biocom pode ter vindo, diretamente, da brasileira Construtora Norberto Odebrecht. Neste caso, não haveria a condição, exigida pela legislação tributária (leis 10.637
Por tudo isso, vislumbra-se a possibilidade de estar sendo determinada pela Odebrecht a sonegação de tributos em larga escala. Isso esclareceria também a insistência, do contrário inexplicável, da Odebrecht em mencionar em todos os contratos que o preço às contratadas seria pago com a utilização de financiamento concedido ao governo angolano ou à empresa angolana. Com isso seria criada a aparência de que está ocorrendo ingresso de divisas do exterior, a justificar a não incidência dos tributos (e, talvez, também para fins de prestação de contas quanto ao financiamento público), quando, na verdade, mostra-se possível que o dinheiro provenha da Construtora Norberto Odebrecht no Brasil e não do exterior, acusa o procurador.
Os autos foram remetidos para a Polícia Federal, Ministério Público Federal, ao Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e à Comissão Estadual para Erradicação do Trabalho Escravo (os dois últimos pertencentes à Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania).
Pedidos Dentre os pedidos feitos na ação civil pública constam as obrigações de não realizar, promover, estimular ou contribuir à submissão de trabalhadores à condição análoga a de escravos e ao aliciamento nacional e internacional de pessoas. O MPT também pede que o grupo Odebrecht não utilize, nos empreendimentos no exterior, mão de obra contratada no Brasil e enviada ao país estrangeiro sem visto de trabalho, além de não promover o chamado marchandage, a mera intermediação de mão de obra, com o envolvimento de gatos. Pelos danos morais coletivos, o MPT pede a condenação dos réus ao pagamento de R$ 500 milhões, que deverá ser destinado a projetos, iniciativas e/ou campanhas que revertam em benefício dos trabalhadores coletivamente considerados.
Além disso, o MPT requer a condenação das empresas do grupo Odebrecht ao não recebimento de incentivos e empréstimos concedidos por qualquer órgão público ou instituição financeira pública, inclusive o BNDES. Por fim, com base na Lei 12.846
O processo trabalhista foi protocolado no Posto Avançado da Justiça do Trabalho de Araraquara em Américo Brasiliense e aguarda julgamento.
Processo nº 0010230-31.2014.5.15.00749

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Relação com o Autismo.



Além do câncer de mama, o assustador aumento dos casos de autismo (um caso para cada 10.000 crianças há 50 anos e um caso para cada 68 crianças em 2010, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA), pode estar relacionado também ao consumo de carne vermelha, causado pelo uso de ácido propiônico na ração e de propionato na conservação da carne.
A BBC fez um documentário "O Enigma do Autismo" que pode ser acessado no Youtube.  PAIS E AVÓS  não deveria deixar de ver esse documentário.

ECONOMIA NÃO É CIÊNCIA & TÉCNICA DE CONCENTRAÇÃO DE RENDAS E OU DE DISTRIBUIÇÃO DE RIQUEZAS.



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ANTONIO DELFIM NETTO
Dilema
Quando políticas econômicas colonizadas pelo mercado financeiro (mercadismo) convivem com sistemas políticos democráticos, é preciso muita atenção para assegurar o equilíbrio social. As extravagâncias do mercadismo apoiadas na sua "pretensão científica" acentuam as desigualdades e são lenientes com o desemprego e a pobreza. Serão corrigidas nas "urnas" depois de algum tempo. Infelizmente, a correção é, em geral, exagerada: os novos chegados ao poder tentam impor a sua "ciência", o voluntarismo. Como o mercadismo, ele termina em outro desequilíbrio social que, em algum momento, será também corrigido pelas "urnas", se a democracia sobreviver.
Para que esse mecanismo de autocorreção funcione --o único descoberto até agora para construir uma sociedade civilizada-- é preciso que ela disponha de sólidas instituições políticas e sociais capazes de garantir a escolha do poder incumbente com absoluta liberdade, exercida num ambiente de rigoroso equilíbrio competitivo.
Frédéric Bastiat (1801-1850) foi um economista francês dogmático e intransigente. Acreditava na harmonia entre as classes sociais e foi feroz inimigo do socialismo e da ação do Estado para proteger os cidadãos na pobreza porque isso comprometeria sua independência e os desobrigaria de procurar outras formas de superá-la. Ele firmava seu ultraliberalismo numa lógica terrível, com a qual extraía de hipóteses simples, todas as consequências possíveis. O problema --como o de alguns de nossos economistas-- eram as suas hipóteses!
Em 1848 publicou um artigo memorável, "O que vemos e o que não vemos", onde ataca algumas falácias (algumas ainda sobreviventes) e coloca claramente a absoluta necessidade de uma visão intertemporal da política econômica. Nele afirma que "na esfera econômica, um ato, um hábito, uma instituição, uma lei não engendra apenas um efeito, mas uma série deles. Desses só o primeiro é imediato porque se manifesta junto com a causa (que se vê). os outros se desenrolarão sucessivamente (não se vêm) [...]Frequentemente a consequência imediata pode ser favorável, mas as futuras podem ser funestas e vice-versa".
Conclui que "o mau economista perseguirá um pequeno bem atual (que se vê), mesmo se seguido de um grande mal futuro (que não se vê), enquanto um bom economista perseguirá um grande bem futuro (que não se vê), mesmo à custa de um pequeno mal no presente (que se vê).
Coloca-se, assim, o grande dilema: como é possível persuadir os eleitores que os "bons" economistas realmente são os portadores da "melhor" política econômica mesmo quando os inconvenientes de curto prazo (que se vê) serão superados pelo benefício de longo prazo (que não se vê)?

INFORTÚNIOS LABORAIS PEGAM ATÉ OS JUÍZES.




Assunto: INFORTÚNIOS LABORAIS PEGAM ATÉ OS JUÍZES

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21,5% de magistrados trabalhistas estiveram em gozo de licença por motivo de doença ou acidente no último ano, o maior percentual de todos os ramos da Justiça. A média nacional foi de 13,1%.
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  • Cláudia Reina Eu resolvi usar o tema das metas também no meu doutorado. A questão e mais complexa do que imaginamos', pois lida com gestão , estratégias de gestão, e com discursos muito bem formulados que sao adotados como pessoais . Na UNIVERSIDADE DE SORBONNE temo...Ver mais
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  • Flavia Kuroda O adoecimento é gritante.
  • Cláudia Reina E continuará se nada fizermos.
  • Gabrielle Boumann Dropping like flies
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  • Luiz Salvador Pois é. Quase nenhuma categoria está escapando dos acidentes de trabalho e ou dos adoecimentos ocupacionais. Porque será? Não temos uma legislação infortunística boa que visa proteger o cidadão trabalhador contra os infortúnios laborais? Ou temos uma legislação boa, mas sem eficiência em favor da prevalência dos ideários do modelo econômico adotado que não assegura o primado do trabalho digno e de qualidade a todos, sem exclusão, não se podendo excluir o magistrado do trabalho dessa proteção? O problema estará no modelo de gestão patrimonialista adotado, inclusive, pelo Poder Público? Produtividade, metas, jornadas alongadas, falta de proteção e lazer?? ônus da prova do infortúnio ao infortunado? ato inseguro, culpabilizando-se o vitimado no trabalho? Indenizações pífias que incentivam o mau empregador a continuar descumprindo seu dever de prevenção? Muitas dúvidas: Bem por isso a ALAL e a FUNDACENTRO-SP está realizando em SP, de 19 a 22 de agosto de 2014 um CONGRESSO INTERNACIONAL MULTIDICIPLINÁRIO para debater todos esses assuntos. Veja a notícia desse evento de cunho social, apoiado por diversas entidades e instituições públicas: http://www.alal.com.br/materia.asp?cod_noticia=6132

MARKETING & REALIDADE: Santos volta a destacar a importância de se estabelecer a paz com as Farc.



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Jornal do Terra
Não vou ficar preso ao passado, diz presidente colombiano
Em entrevista à BBC, Juan Manuel Santos voltou a destacar a importância de se estabelecer a paz com as Farc
BBC BRASIL.com
http://p2.trrsf.com.br/image/fget/cf/480/640/images.terra.com/2014/06/17/colombiapresidenteap.jpg
Santos disse que reeleição é prova de que a maioria na Colômbia quer continuação do processo de paz
Foto: AP
Um dia após sua reeleição como presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos recebeu a BBC Mundo. Sua satisfação era visível, assim como seu cansaço.
Vinha de uma entrevista coletiva no qual reafirmou que o êxito do processo de paz com a guerrilha das Farc será prioridade de seu segundo mandato.
Santos usou também o tom conciliador que começou a empregar desde o seu discurso de vitória, quando convidou seu rival Oscar Iván Zuluaga e todos os seus partidários a trabalharem juntos para a paz na Colômbia - uma grande diferença em relação à campanha eleitoral.
Veja abaixo a entrevista.
BBC Mundo: Como o sr. vê a sua vitória? As coisas mudaram muito entre o primeiro e o segundo turno e as personalidades de esquerda parecem ter sido importantes. Foi uma vitória de Juan Manuel Santos ou uma vitória do 'sonho da paz' (slogan da campanha de Santos)?
Santos: Dos dois. Mas acredito que o mandato que recebemos foi um mandato muito claro: a Colômbia tem que continuar em seu processo de paz e terminá-lo com êxito e continuar com as políticas que temos adiantado nas áreas de economia e progresso social. Em ambos (os temas) acredito que recebemos um sinal claro de "continuem aí" porque é disso que o povo colombiano precisa: paz com progresso social.
BBC Mundo: Pode-se ver a vitória como uma aprovação ao seu governo, quando, na verdade, o que parece ter inclinado a balança a seu favor foi um tema específico - o processo de paz?
Santos: Cada um tem uma interpretação diferente. O que nós interpretamos é que, quando começamos a dar muito mais informação sobre nossos resultados na área social, em matéria de educação, em matéria de luta contra a pobreza, em matéria de geração de emprego, nos demos conta de que mudar de caminho, mudar de capitão neste momento, não era mais desejável. E por isso (a população) nos deu seu apoio.
BBC Mundo: Ajude-me a entender um pouco a Colômbia politicamente. Quando o sr. foi eleito há quatro anos, uma das primeiras pessoas a celebrar foi o presidente Álvaro Uribe. Ontem, ele agredeceu aos eleitores e representantes da esquerda. O que mudou mais nestes quatro anos: a Colômbia, o sr. ou Uribe?
Santos: Veja, há quatro anos eu disse que iria continuar com a segurança democrática, mas que teríamos que sair do tema da segurança porque este país precisava dar muita importância à parte social. E por isso chamei de "prosperidade democrática". Disse: "vamos passar de segurança democrática à prosperidade democrática, sem descuidar do tema de segurança".
Meu governo tem sido o mais duro com os grupos às margens da lei, muito mais que os governos anteriores. Mas sim, nós ampliamos o leque de temas na agenda para que a parte social, a luta contra a pobreza, a geração de emprego, a formalização da economia, tenham cada vez mais importância.
O que aconteceu? O uribismo ficou preso ao passado, ficou preso somente à segurança democrática. E eu não estava disposto a ficar preso ao passado. Este país tem que avançar e tem avançado, muito positivamente.
Você vê os resultados: nós somos atualmente uma das estrelas econômicas e, do ponto de vista do desempenho social, eu creio que também tem sido positivo. E por isso houve essa mudança no espectro político: porque alguns ficaram presos ao passado e eu não estou disposto a ficar preso ao passado. Acredito que é preciso seguir rumo ao futuro.
BBC Mundo: E como a Colômbia mudou? O sr. acredita que o país está mais tolerante ou mais dividido?
Santos: Veja, a Colômbia hoje é uma democracia muito mais forte, é uma democracia com muito mais reconhecimento internacional, é uma democracia muito mais respeitada e é uma democracia muito mais eficiente.
Veja os indicadores econômicos e teremos a economia mais sólida da nossa história, a economia mais dinâmica de toda a América Latina, a economia que está produzindo resultados sociais como nenhuma outra economia da América Latina. E está começando pela primeira vez a reduzir a diferença, porque nós éramos - e ainda somos - um país muito desigual, extremamente desigual. Eu acredito que hoje somos, sem dúvida, um país muito melhor do que éramos há quatro anos.
Infelizmente, há uma polarização em torno da questão da paz, mas acredito que, na medida em que possamos convencer os que estão ou votaram contra essa paz - eu diria que por desinformação, por dar atenção a essa propaganda suja que foi feita durante meses, eu diria que anos, contra o processo de paz - à medida que explicamos os benefícios da paz, e que não estamos negociando aspectos fundamentais da nossa institucionalidade - porque não estamos negociando -, do nosso modelo econômico, eles vão entender e apoiar esse processo de paz.
Te digo hoje o que vai acontecer: em pouco tempo você verá o país inteiro apoiando este processo de paz.
BBC Mundo: E o sr. acredita que esta "propaganda suja" vai desaparecer?
Santos: Não, mas na medida em que formos mais eficientes em falar sobre os benefícios da paz, as pessoas vão se convencer de que vale a pena, sim.
BBC Mundo: E como o sr. vê o papel do ex-presidente Uribe? O sr. acredita que ele será, junto com a bancada dele, uma pedra no sapato para os interesses do seu governo ou somente ao processo de paz?
Santos: O que eu espero é que façam oposição, porque isso é bom para qualquer democracia, para qualquer governo, mas que a façam jogando limpo, que a façam com as verdades e com os dados reais em mãos, não com mentiras. Se fizerem isso, sairemos todos ganhando.
BBC Mundo: O sr. se sente mais livre agora do que em seu primeiro mandato? Sem dever nada a Uribe, com os partidos de esquerda que o apoiaram anunciando que seguem se considerando oposição, sem ter que calcular pensando na reeleição...
Santos: Eu sempre me senti livre. Nunca deixei de fazer o que acredito ser conveniente e necessário para o meu país. Se você considerar os resultados destes quatro anos de governo, perceberá que foi um governo muito eficiente, com resultados que muitas vezes não imaginamos serem possíveis, e eu, claro, vou continuar perseguindo estes objetivos.
Primeiro, o da paz. Mas também o do progresso social, redução das desigualdades... Isso é o que qualquer governante responsável deve buscar. E para fazê-lo precisa-se buscar as coalizões no Congresso que permitam a continuidade de uma agenda reformista. Não havia um governo tão reformista nos últimos não sei quantos anos, cem anos.
BBC Mundo: E o que acontecerá se o processo de paz fracassar? O quanto a Colômbia retrocederá?
Santos: Seria muito triste não aproveitar esta única e última oportunidade. Mas continuaríamos vivendo como nos últimos 50 anos: um país que avança, mas que mantém uma guerra absurda, cujo custo também é absurdo.