quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

TRABALHO QUE MATA E ADOECE: Número de trabalhadores afastados por motivos de saúde em S/C é 48%.

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Trabalho02/12/2013 | 22h38

Número de trabalhadores afastados por motivos de saúde em SC é 48% maior que a média nacional

Setores que mais registraram afastamentos foram o de carnes, seguido pelo têxtil e o comércio

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Número de trabalhadores afastados por motivos de saúde em SC é 48% maior que a média nacional Divulgação/Divulgação
Setor de frigoríficos teve 39% de afastamentos de trabalhadoresFoto: Divulgação / Divulgação
Janaína Cavalli
Uma pesquisa inédita no país revela que o número de trabalhadores afastados por motivos de saúde nas principais atividades econômicas de Santa Catarina é 48% maior do que a média nacional. Segundo o levantamento encomendado pelo Ministério Público do Trabalho no Estado, os setores que mais registraram afastamentos por doença nos últimos anos foram o de carnes, seguido pelo têxtil e o comércio. A pesquisa será lançada nesta terça-feira às 9h na Assembleia Legislativa de Santa Catarina.
O levantamento "Perfil de Agravos à Saúde em Trabalhadores de Santa Catarina", realizado por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Universidade do Vale do Itajaí (Univali), levou três anos para ficar pronto. O professor Roberto Cruz, do Departamento de Psicologia da UFSC, diz que a pesquisa analisou o número e o tipo de benefícios previdenciários concedidos para trabalhadores com problemas de saúde entre 2005 e 2011 disponíveis na plataforma de informações da Previdência Social, a Dataprev.
Os pesquisadores levaram em consideração as 15 atividades econômicas que mais empregam em Santa Catarina.
Com base na comparação com os dados nacionais da Dataprev, os pesquisadores chegaram a uma primeira conclusão geral: proporcionalmente ao número de trabalhadores, o Estado registrou no período um número de afastamentos por doença 48% maior do que a média nacional.
O trabalho nos frigoríficos, no abate de frangos e suínos, foi a atividade que teve maior incidência de afastamentos. De acordo com a pesquisa, nos seis anos considerados, 19,3 mil trabalhadores do setor de carnes receberam benefícios previdenciários por doença. O número corresponde a 39% dos 50 mil empregados nos frigoríficos hoje.
Objetivo é dar prioridade às áreas com mais casos
O procurador do Trabalho Sandro Eduardo Sardá acredita que a pesquisa servirá de base para a criação de políticas públicas voltadas à saúde do trabalhador em órgãos como o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Previdência Social e o Sistema Único de Saúde (SUS). Também, segundo ele, vai permitir que a Justiça trabalhista e o Ministério Público do Trabalho deem prioridade aos setores da economia que tiveram mais registros de doenças.
Sardá destaca que um dos principais problemas revelados pela pesquisa é a perícia falha dos técnicos do INSS na definição de tipo de benefício. Ele explica que a maioria dos trabalhadores diagnosticados com transtornos depressivos receberam, no período, auxílio-doença comum, ou seja, não relacionado às atividades no trabalho.
— Em 2011, somente 9,48% dos benefícios concedidos aos trabalhadores de frigoríficos com o diagnóstico de transtornos depressivos foram classificados como auxílio-doença acidentário (quando tem relação com o trabalho). Mas, segundo a pesquisa, há uma prevalência de episódios depressivos 341% maior em funcionários de frigoríficos do que os de outras atividades econômicas — exemplificou o procurador.
Sardá lembra que o auxílio-doença acidentário garante 12 meses de estabilidade no cargo após o afastamento e depósito do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). As mesmas vantagens não são oferecidas pelo auxílio-doença comum.
OS PRINCIPAIS SETORES
Abate de suínos e aves
Segundo a pesquisa, o setor é o que tem o maior número de afastamentos por doença no Estado. Na comparação com o número atual de empregados nos frigoríficos catarinenses (50 mil), 39% dos trabalhadores receberam benefícios. Os principais diagnósticos foram episódios depressivos, dorsalgias (dor nas costas) e lesões de ombro.
CONTRAPONTO
Procurado, Ricardo Gouvêa, o diretor executivo do Sindicato das Indústrias da Carne de Santa Catarina (Sindicarne) afirmou que a questão é delicada e que só irá se pronunciar após analisar com cuidado os dados da pesquisa.
Confecção de peças de vestuário
O levantamento indicou que 37% dos empregados atuais tiveram algum tipo de benefício previdenciário, o que coloca o setor em segundo lugar no ranking. Os principais diagnósticos foram de episódios depressivos e de depressão recorrente.
CONTRAPONTO
Ulrich Kuhn, presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem de Blumenau (Sintex), informou que a entidade poderá se pronunciar logo que tiver acesso aos dados completos da pesquisa.
Comércio varejista, com predominância de produtos alimentícios por supermercados
O índice registrado foi de 31% dos 59 mil empregados do setor. Os principais diagnósticos foram de episódios depressivos, sinovite (inflamação das articulações) e tenossinovite (inflamação dos tendões), lesões do ombro, hemorragias no início da gravidez e dorsopatias (doenças das costas).
CONTRAPONTO
Regina Almeida Queiroz, representante da Fecomércio-SC no grupo de trabalho de saúde ocupacional da Confederação Nacional do Comércio (CNC), disse que não há vantagens para as empresas em deixar os funcionários adoecerem. Segundo ela, as redes de supermercados de Santa Catarina cumprem com diversas normas do Ministério do Trabalho e Emprego de diagnóstico dos fatores de risco à saúde e de adaptação do ambiente de trabalho. Um exemplo é a alternância de posições dos caixas para evitar a sobrecarga para o funcionário de um só lado do corpo.
http://www.clicrbs.com.br/rbs/image/15935058.jpg
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PREVENÇÃO.
Investir em prevenção, afastar os ricos do meio ambiente laboral, assegurando ao trabalhador laborar em meio ambiente laboral equilibrado, livre de riscos de acidentes e ou de adoecimentos ocupacionais é responsabilidade do empregador. Não obstante, tenhamos uma das melhores legislações protetoras da saúde humana, os números da tragédia apontadas pelas estatísticas demonstram a falta de compromisso do Estado e do capital com o cumprimento da legislação infortunística e protetora da vida, da dignidade e da mantença da higidez física e psíquica dos trabalhadores.

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